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Episódio envolvendo Mantega mostra abrangência de articulações petistas por projeto de poder

Antonio Imbassahy (PSDB-BA)
Antonio Imbassahy (PSDB-BA)

“Rei” das previsões econômicas equivocadas e um dos responsáveis pela crise que assola a economia brasileira, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi preso nesta quinta-feira (22) pela Polícia Federal.

A prisão temporária de Mantega acabou sendo revogada horas depois pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, mas a acusação do seu envolvimento em esquema ilícito na Petrobras para beneficiar o PT demonstra, segundo deputados tucanos, o quanto o partido de Lula e Dilma se articulava de maneira ilegal para permanecer no poder.

Ao decidir pela revogação da prisão temporária, o juiz argumentou que as buscas começaram e que Mantega, uma vez solto, não deve oferecer riscos ou interferir na colheita das provas.

“Revogo a prisão temporária decretada contra Guido Mantega, sem prejuízo das demais medidas e a avaliação de medidas futuras”, declarou o juiz em seu despacho revogatório. Moro anotou que ele, a Procuradoria e a Polícia Federal desconheciam que ”o ex-ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia.”

Esclareceu ter sido informado pela Polícia Federal de que a prisão foi praticada “com toda a discrição, sem ingresso interno no hospital.” E revogou a ordem, sem prejuízo da busca já realizada no apartamento de Mantega e de providências posteriores.

Mantega foi o mais longevo ministro dos governos petistas – esteve no cargo entre 2006 e 2015.  Ele foi um dos alvos da Polícia Federal na 34ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Arquivo X.

Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), o envolvimento do ex-ministro em irregularidades demonstra a profundidade e a abrangência das articulações do PT no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato visando a manutenção do projeto de poder petista. Além dimantega preso. Ebcsso, mostra a institucionalização de práticas incompatíveis com o sistema democrático.

Mantega é acusado de intermediar um contrato fraudulento da Petrobras para beneficiar o PT. O empresário Eike Batista declarou em depoimento que, em 2012, recebeu pedido do então ministro e presidente do Conselho de Administração da Petrobras para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões, no interesse do partido. O pagamento, de cerca de R$ 4,7 milhões, foi feito por meio de contrato fraudulento firmado com a companhia.

O MPF diz que o consórcio Integra Ofsshore, formado pela Mendes Júnior e OSX (de Eike), firmou contrato com a Petrobras no valor de US$ 922 milhões, para a construção das plataformas P-67 e P-70. Em nota, o MPF explicou, que para operacionalizar o repasse da quantia, Eike Batista foi procurado e firmou contrato ideologicamente falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes.

Em nota, a polícia informou que fez contato telefônico com o investigado, que se apresentou espontaneamente na portaria do Hospital Albert Einstein, onde  acompanhava a esposa, que está internada . Segundo a PF, Mantega, seu advogado e a equipe de policiais foram até o apartamento do ex-ministro, na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. “Tanto no local da busca como no hospital todo o procedimento foi realizado de forma discreta, sem qualquer ocorrência e com integral colaboração do investigado”, diz a nota da PF.

OPERAÇÃO CONTINUA

O deputado Izalci (DF) afirma que os mandados dessa quinta-feira mostram que “nem impeachment e nem nada vai segurar a Lava Jato”. Ele destaca que a continuidade da operação está garantida, lançando por terra a tese dos antigos aliados do governo destituído de que o impeachment de Dilma Rousseff teria o intuito de deter as investigações.

Segundo ele, a operação vai continuar em função das delações, das investigações aprofundadas e até mesmo das CPIs. “Há muitas informações que estão sendo cruzadas e ainda vão chegar em muita gente. Tem muita coisa ainda a acontecer”, alertou o tucano, ao ressaltar que Guido Mantega era uma das figuras centrais dos governos petistas. O parlamentar lembra que tanto a CPI do Carf, quanto a Operação Zelotes, já haviam detectado a participação de agentes da área econômica do governo em práticas ilícitas. Ele afirma que a máquina pública havia sido aparelhada nesse intuito.

HERANÇA MALDITA

Errar previsões era uma especialidade de Mantega. Em outubro de 2014, por exemplo, negou com veemência a possibilidade de alta do dólar em caso de vitória da presidente Dilma nas eleições daquele ano. “Se alguém tentar fazer isso [apostar na valorização do dólar] vai quebrar a cara.” À época, a cotação da moeda americana era de R$ 2,43. Em março do ano seguinte, chegou ao patamar de R$ 3 pela primeira vez em mais de uma década. Previsões estapafúrdias sobre o crescimento do PIB também se tornaram recorrentes.

Enquanto o petista falava em “pibão”, o que o governo entregava era “pibinho”. Outros equívocos também marcaram a sua gestão, como a manutenção artificial dos preços dos combustíveis de olho nas eleições, atitude que corroeu o caixa da Petrobras. A prática da contabilidade criativa e das pedaladas fiscais também representam um legado de sua atuação no ministério. Este foi um dos motivos que levaram ao impeachment de Dilma Rousseff.

*Do PSDB na Câmara

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