Nos seis primeiros meses de Marta Suplicy (PT) na Prefeitura, membros do governo fizeram 70 viagens para 17 países em quatro continente. Cinqüenta e seis funcionários – incluindo 11 secretários e a prefeita -, no governo há 254 dias, passaram fora do País 497 dias, somadas todas as estadias. Os países mais visitados foram Argentina (16 viagens), Estados Unidos (13), Cuba e Turquia (10 viagens a cada país), França (5), Suíça, Espanha, Índia e Chile (2 viagens a cada país); e México, Inglaterra, Uruguai, Moçambique, Japão, Paraguai, Holanda e Venezuela (uma viagem a cada país). As estadias duraram, em média, 8,8 dias.
Marta passou 18 dias viajando. Seus destinos foram Argentina, Suíça e França, com gasto total de R$ 31.476,37 aos cofres públicos – dinheiro suficiente para pagar um mês de benefício a cerca de 230 famílias no Programa Renda Mínima, lançado pela prefeita.
O primeiro colocado em viagens é o secretário de Relações Internacionais, Jorge Mattoso, que conseguiu gastar R$ 13.546,86 nas passagens para Nova York, em viagem feita entre 1.º e 6 de junho. Em pesquisa, o Estado constatou que o valor cobre bilhetes entre a primeira classe e a executiva.
Mattoso fez ainda outras cinco viagens, duas delas à Argentina e as outras, à França, à Suíça e ao Paraguai. O total de gastos do secretário foi de R$ 8.822,60, nas despesas feitas com a verba das diárias, e R$ 33.757,76, nas passagens aéreas – tudo custeado pelos cofres do Município.
Valores – Os dados sobre as viagens ao exterior feitas pelos petistas foram obtidos pelo PSDB, principal partido de oposição à gestão de Marta. O líder do PSDB na Câmara Municipal, Gilberto Natalini, pediu informações ao Executivo sobre os gastos com viagens, com base na Lei Orgânica do Município – que obriga a Prefeitura a dar informações quando requisitadas.
A resposta foi enviada, mas, segundo o vereador, diversos valores, além da origem do dinheiro utilizado, foram sonegados. ¥A prefeita acaba de criar uma nova empresa, o PT Tour¥, acusa o vereador. Segundo ele, os fatos têm de ser esclarecidos. ¥Qual o custo de todas as viagens e principalmente qual o resultado delas para Grajaú, Cangaíba e Campo Limpo?¥, questiona Natalini.
De acordo com os dados obtidos pelo PSDB, os secretários foram responsáveis por 22 das 70 viagens. Apenas 3 não teriam custado nada aos cofres. Foram pagas por empresas – outro detalhe que chamou a atenção dos tucanos. ¥A prefeita tem o dever de esclarecer quais empresas pagaram e com que interesse¥, diz Natalini.
Das 22 viagens feitas pelos secretários, apenas 3, segundo o parlamentar, não tiveram ônus para São Paulo. A Prefeitura respondeu ao PSDB que oito viagens foram custeadas pelo erário, não informou o custo das passagens de seis e não explicou nada sobre outras cinco. Funcionários de segundo e terceiro escalões fizeram 45 viagens ao exterior, das quais 13 não foram custeadas pela Prefeitura. O Executivo informou os gastos com diárias em apenas 8 e sonegou dados de 24.
As dez viagens para Cuba chamaram a atenção de Natalini. Segundo ele, a autorização foi dada pelo secretário de Governo, Rui Falcão, para um encontro de educadores. ¥Os despachos dizem que os funcionários não tiveram prejuízo nos vencimentos, direitos e vantagens do cargo. Mas não há informação sobre quem está pagando as passagens aéreas nem as estadias em Havana.¥
Candidato – Acostumada a agendar encontros do candidato à Presidência pelo PT, Luís Inácio Lula da Silva, com autoridades internacionais, a prefeita passou, no primeiro semestre, 18 dias entre a Argentina, a Suíça e a França.
Em Paris, acompanhada pelo assessor internacional do PT e seu namorado, Luis Favre, Marta esteve com o primeiro-ministro, Lionel Jospin, e acertou um horário para que ele receba Lula.
A próxima viagem da prefeita está prevista para os dias 1.º, 2 e 3 de novembro. O destino é Turim, na Itália, para o Fórum da Fundação Mundial das Cidades Unidas – órgão do qual ela é vice-presidente. A prefeita quer aproveitar e dar um ¥pulinho¥ a Milão, para retribuir a visita do prefeito Gabriele Albertine.
Marta, que se autodenomina ¥caixeira-viajante¥ em busca de recursos para a cidade, gastou R$ 13.181,37 do dinheiro público com as diárias das viagens e R$ 8.295,00 nos oito dias que passou em Genebra, na Suíça, de 25 de maio a 1.º de junho. A prefeita gastou outros R$ 18.295,00 em passagens aéreas, incluindo R$ 9.232,33 do bilhete para a Suíça e R$ 8 mil na passagem para Paris, de 26 de fevereiro a 4 de março. Em Buenos Aires, participou do Encontro de Prefeitos de Grandes Cidades do Cone Sul, em 10 de maio.