Brasília (DF) – O custo de ter dinheiro parado nos bancos, nas mãos da população e nos cofres do Banco Central será de R$ 27,5 bilhões em 2015, o equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). A análise é do professor da EPGE da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Rubens Penha Cysne. As informações estão disponíveis na edição desta quarta-feira (20) do jornal O Globo.
De acordo com a publicação, esse imposto inflacionário incide no volume de moeda que não tem qualquer tipo de juro, nem correção: aquela que fica nos bancos para entregar a correntistas e no BC na forma de compulsório dos depósitos à vista. A mordida de 0,5% no valor da moeda é a maior desde 2002, quando a inflação atingiu 12,53%.
Para Cysne, “o custo é muito menor que nos tempos da hiperinflação, mas mostra que não se pode descuidar com o ajuste fiscal, o mecanismo mais salutar de combater a inflação”.
O valor é equivalente a tudo que se gasta em um ano com Bolsa Família, e continua crescendo, acompanhando a inflação. Em 2013, era de 0,32% do PIB e em 2014 de 0,4%.
Segundo o professor, a população na base da pirâmide de renda, que tem pouco acesso a aplicações para manter o poder de compra de sua renda, é a que mais perde com essa corrosão inflacionária.
“Não estamos falando aqui da corrosão salarial, que pode ser recomposta nos dissídios coletivos. Essa transferência acontece quando o dinheiro fica parado na conta ou em casa”, afirmou.
Ainda de acordo com a reportagem, o ritmo do aumento dessa espécie de imposto coincide com o da inflação. Em 2013, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,91%. Em 2014, já estava em 6,41%. Este ano, a inflação deve superar 8%, por causa do tarifaço da energia elétrica, que já subiu cerca de 60% nos últimos 12 meses.