As investigações da 31ª fase da Lava Jato, denominada de Operação Abismo, apontam que o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, preso no último dia 24 durante a Operação Custo Brasil, utilizou uma madrinha de bateria, um cantor de escola de samba e seus próprios filhos como destinatários de um esquema que movimentou mais de R$ 39 milhões em propina.
Amigos do petista na escola de samba “Estado Maior da Restinga”, agremiação da zona sul de Porto Alegre, receberam depósitos de dinheiro que, segundo a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), foram recolhidos a partir de propina cobrada de empreiteiras que participavam de obras no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). As informações são da matéria publicada nesta segunda-feira (4) pelo jornal Folha de S. Paulo.
Os repasses indevidos ocorreram entre 2007 e 2012. Dos R$ 39 milhões, R$ 1 milhão teria beneficiado diretamente Ferreira. De acordo com informações da delação premiada do ex-vereador Alexandre Romano, conhecido como “Chambinho”, seu escritório de advocacia teria repassado cheques e feito transferências bancárias para pessoas ligadas à escola de samba, entre elas a rainha de bateria Viviane da Silva Rodrigues e o cantor Sandro Ferraz.
Romano apresentou documentos bancários para comprovar o dinheiro enviado a Viviane: foram 18 repasses entre 2010 e 2012, totalizando quase R$ 62 mil. Para a escola de samba foram outros R$ 45 mil.
Segundo o jornal, também camuflaram propina a mando de Ferreira o blogueiro Júlio Garcia, responsável por produzir notícias favoráveis ao PT, e os próprios filhos do ex-tesoureiro Ana Paula Ferreira e Jonas Ferreira.
O deputado federal Max Filho (PSDB-ES) considerou os desdobramentos da Lava Jato como positivos para a “maior reforma que o país precisa” se referindo às mudanças na forma de fazer política no Brasil. “A Operação [Lava Jato] é positiva na medida que está indo muito fundo nas investigações e também nas punições. Ela está indo na raiz do problema como deve ser”, avaliou o tucano.
O deputado considerou o nome dado à Operação Abismo como “pertinente” e diz que todos os escândalos que estão sendo descobertos fazem parte do “modo petista de governar”. “Eles começaram prometendo ética e a única ética praticada por essa quadrilha que tomou conta do país foi a ética da manutenção do poder. Eles não tiveram escrúpulos, não tiveram limites. Foram a fundo no abismo moral, no abismo da vergonha. O Brasil precisa de melhores pessoas na condução das instituições que comandam o país”, concluiu.
A Operação Abismo acontece nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal e apura fraude à licitação, lavagem de dinheiro, cartel e pagamento de valores indevidos a servidores da Petrobras e membros do PT.
Ferreira cumpre mandado de prisão preventiva (ele deve permanecer detido em São Paulo).