A má gestão dos recursos e a corrupção vêm tirando bilhões de reais dos principais fundos de pensão das empresas estatais brasileiras nos últimos anos. Loteados pelos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, os fundos apresentaram um déficit superior a R$ 46 bilhões em 2015, segundo os dados oficiais. Deste valor, dois terços correspondem aos prejuízos na Postalis, Petros e Funcef – respectivamente as fundações dos Correios, Petrobras e Caixa -, de acordo com informações de matéria publicada pelo jornal O Globo nesta segunda-feira (22).
Entre os principais motivos para as perdas bilionárias estão investimentos obscuros em negociações com empresas privadas. Em 2012, por exemplo, o corretor paraense Fabrizio Dulcetti Neves recebeu US$ 14 milhões agenciando títulos no exterior para o fundo dos Correios. Ele trocou as reservas em dólares da Postalis por papéis emitidos pela Argentina e Venezuela, o que fez desaparecerem R$ 380 milhões das contas do fundo de pensão. O órgão de fiscalização dos Estados Unidos investigou o caso e descobriu que o Postalis pagava até 67% de comissão a Dulcetti Neves, que possuía uma empresa em um paraíso fiscal que ligava o corretor ao nome de Alexej Predtechensky, então presidente do Postalis.
A Petros também coleciona uma série de negociações questionáveis. A reportagem de O Globo cita R$ 730 milhões já dados como perdidos em aplicações feitas em sete dezenas de projetos dos grupos Morada, Cruzeiro do Sul, BVA, Trendbank, Galileo, Schahin, Eletrosom, Riviera, Celpa e Inepar, entre outros. Chama a atenção também o investimento de R$ 60 milhões na empresa Lupatech, do setor de válvulas industriais, quando a mesma já tinha um patrimônio negativo. Não por acaso, o conselho fiscal do fundo de pensão da Petrobras rejeita todas as contas há 12 anos.
A Funcef é notório por realizar investimentos de alto risco apesar de as próprias avaliações técnicas e jurídicas do órgão indicarem o contrário. Entre os negócios de origem duvidosa estão a aplicação de R$ 629 milhões em projetos de portos e logística, de R$ 75 milhões na Termelétrica de Pernambuco, e de R$ 187,7 milhões no FIP Multiner, que segundo a própria Previc, já diagnosticara “problemas estruturais e de governança” três anos antes, além de apresentar um endividamento de R$ 2 bilhões no Multiner.
Os três fundos devem levar anos para se recuperar de tais negociações. A Funcef afirmou que deve se reequilibrar “em 17,4 anos”. A Postalis acredita que vá zerar suas dívidas a partir de 2037. Já a Petros ainda vai estudar o que vai fazer a partir de janeiro do ano que vem, ainda segundo O Globo. Até lá, os trabalhadores que investiram nos fundos das estatais devem continuar arcando com os prejuízos causados pelas administrações irresponsáveis destas instituições.