Brasília (DF) – Após encontro com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, nesta segunda-feira (5), no Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), cobrou do governo do presidente Michel Temer ações rápidas e concretas na tentativa de recuperar a combalida economia. Para o tucano, o ajuste fiscal deverá ser uma prioridade, aliado a reformas estruturantes que foram abandonadas nos últimos 13 anos pela gestão petista.
“Quando começa a crise, a receita real primária despenca, e a despesa real primária dispara. O governo federal ignorou, e abriu-se um déficit fiscal gigantesco que levou à crise que nós estamos vivendo aqui em São Paulo. Nós não chegaremos à terra prometida com torcida e voluntarismo. Só vamos chegar com medidas concretas, rápidas e convicção nessas medidas. Elas são essenciais para recuperar o quadro econômico”, disse.
O governador destacou que, enquanto o quadro econômico mundial mostra-se até positivo, com expectativa de crescimento em torno de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, o Brasil caminha mais uma vez na contramão, como “o último na fila” do desenvolvimento.
“É preciso agir rapidamente na questão fiscal, na questão monetária e cambial. Quanto mais demorar, vai se perdendo a confiança e, ao mesmo tempo, o quadro vai se agravando. Acabamos de sair do impeachment. É óbvio que antes de definir o quadro, não tinha como fazer nada. Agora, é agir rápido. É interesse do governo agir o mais rápido possível, do lado fiscal, em reformas estruturantes, necessárias para o país e que permitam também reduzir a questão monetária”, destacou.
Para Alckmin, um dos grandes problemas do Brasil é a diferença do custo de capital. “Estamos correndo um risco enorme de uma grande desnacionalização. O custo do dinheiro do Brasil versus o custo do dinheiro lá fora. É evidente que os estrangeiros vão comprar tudo. E de outro lado, ela [a crise] desestimula o empreendedor a investir. Ele aplica o dinheiro, e para aquele que quer trabalhar, o custo do capital é muito alto. Então, quanto mais rápido se agir pelo lado fiscal, mais rápido você pode atuar nas outras esferas”, acrescentou.
Manifestações
O governador de São Paulo também comentou as manifestações contrárias a Michel Temer que ocorreram na capital paulista neste domingo (4). O tucano assegurou que os protestos políticos são legítimos e serão respeitados como tal, mas que atos de depredação de patrimônio público, violência e vandalismo não serão tolerados.
“Manifestação política e legítima, cabe à polícia proteger e garantir a ordem. O que se verifica, geralmente na dispersão, são atos de vandalismo. Está comprovado. Nós tivemos, nos últimos dias, depredação de agência bancária, depredação de concessionária, depredação de viatura policial, que foi filmada, a viatura depredada, destruída. Esse é um fato. O que nós estamos fazendo: procurando detectar, talvez sejam até pessoas que se infiltram nesses movimentos, mas que promovem esse tipo de coisa, e prendê-las”, disse.
Alckmin ressaltou que nas manifestações de ontem, 18 pessoas foram presas por portarem objetos como pedras, ferros e estilingues.
“Ninguém vai para uma manifestação com esse tipo de coisa. Aliás, nós tivemos manifestações pró-impeachment de quase um milhão de pessoas sem nenhum incidente. Isso também precisa ficar claro”, apontou. “O que eu queria deixar claro é: manifestação política e legítima, nenhum problema, é garantida a segurança. De outro lado, depredação e vandalismo, isso não. A polícia tem que preservar o patrimônio público, privado e a integridade das pessoas”, completou.