A sequência interminável de denúncias sobre fraudes e corrupção cometidas na Petrobras tem desarvorado até os representantes mais calculistas e equilibrados do governo petista no Congresso. Na tarde de terça-feira (11), o presidente da CPI Mista da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), encerrou às pressas a reunião do colegiado e disparou em direção ao plenário da Casa após ser pressionado a colocar em votação requerimentos que contrariavam os interesses do Palácio do Planalto.
Interrompido pela imprensa, buscou no regimento do Senado a justificativa para fechar os trabalhos. A exemplo do que tinha acabado de fazer na CPI mista, teve que suspender as explicações porque, mais uma vez, a oposição estava ali para colocar pressão. Não houve outro jeito para Vital senão correr de novo dos representantes do PSDB, DEM e PPS.
O pitoresco episódio protagonizado pelo parlamentar governista, que é cotado para assumir uma cadeira do Tribunal de Contas da União (TCU), pode ser considerado o retrato do desespero da gestão petista diante de um dos maiores escândalos de desvio de recursos públicos já registrados no Brasil e pelo qual ela é a exclusiva responsável.
Sem ter como frear as revelações, que disparam de todos os lados, minimiza as evidências ou foge. Essa estratégia, avisam deputados tucanos, tem o efeito limitado. É capaz de postergar as investigações, mas não terá força suficiente para enterrá-las, como sonham PT e aliados. “Não tem trégua, não tem acordo, não tem paz”, alertou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que é titular do PSDB na comissão, em entrevista ao portal “Brasil 247″. “Os petistas estão acostumados a mentir e praticaram o maior estelionato eleitoral da história deste país, não existe chance de entendimento enquanto essa postura persistir”, completou o parlamentar.
Investigações avançam – Enquanto o comando do governo apela a subterfúgios condenáveis para cobrir os estragos no caixa e na reputação da petroleira, órgãos de fiscalização avançam nas investigações e mostram ao país gradualmente o rombo promovido pelos anos de administração petista e de aliados. “Já é tão grande que os mensaleiros viraram batedores de carteira”, disse o deputado João Campos (PSDB-GO). “É impossível segurar isso. O povo brasileiro saberá em poucos dias a dimensão dessa corrupção praticada pelo governo do PT. Isso não ficará impune.”
As irregularidades cometidas por funcionários da Petrobras em contratos firmados com a companhia holandesa SBM Offshore, confirmadas na quarta-feira (12) pela Controladoria-Geral da União (CGU), atestam que está longe do último capítulo o enredo de corrupção e fraude no qual o governo envolveu a estatal.
A constatação da CGU, que vai abrir processo para punir os responsáveis, ocorreu no mesmo dia em que o Ministério Público da Holanda anunciou o acordo fechado com a SBM Offshore para o pagamento de US$ 240 milhões como punição pela propina distribuída em operações realizadas em Angola, Guiné Equatorial e Brasil, onde os valores envolvidos chegam a US$ 139 milhões. “Isto é apenas uma pequena parte do que vai ser descoberto no maior esquema, em valores, de corrupção da história de qualquer país democrático no mundo”, disse o deputado Jutahy Junior (PSDB-BA) em seu perfil no Facebook.
Na mesma rede social, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) criticou a morosidade da CGU. “Se depender do governo brasileiro, os criminosos serão punidos no dia de São Nunca. A solução é prorrogar a CPMI da Petrobras e trabalhar para pôr os bandidos na cadeia. Vamos à luta”, afirmou.
A semana reservou também outras novidades relacionadas à Petrobras que a presidente Dilma e sua equipe não gostariam de ter tomado conhecimento. Entre elas, que a empresa virou alvo de investigações de mais uma instituição norte-americana além da Securities and Exchange Commission (SEC), instância reguladora do mercado financeiro dos Estados Unidos. Segundo o jornal “Financial Times”, o Departamento de Justiça americano começou a apurar criminalmente as denúncias de corrupção na companhia.
Do TCU vieram ainda notícias estarrecedoras, expressão muito utilizada por Dilma durante a campanha eleitoral para desqualificar o candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG). A primeira é que as irregularidades cometidas na estatal são “o maior escândalo da história do tribunal”. Pelo que o órgão já apurou, os desvios superam a marca de R$ 3 bilhões, dinheiro surrupiado de diversos contratos celebrados pela companhia para a compra de empresas, bens ou construção de unidades.
Entre elas, a do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), sobre a qual representantes da Petrobras terão que prestar esclarecimentos, informou nesta quinta-feira (13) o TCU. Segundo auditoria técnica, o empreendimento era inviável economicamente. Ainda assim, a estatal insistiu em erguê-lo.
* Do Portal do PSDB na Câmara