De olho em salvar o mandato da presidente Dilma Rousseff, o governo federal suspendeu as medidas de ajuste fiscal que teriam potencial para reduzir o cenário de degradação econômica do país. Em troca, a equipe econômica vem adotando medidas que retardam a recuperação do Brasil, abrindo os cofres públicos com um “pacote de bondades” que pretende reverter a imagem negativa do governo Dilma – para tentar permitir que a petista escape de perder o mandato.
O modelo é o mesmo adotado em 2014, quado Dilma disputou a reeleição, como revela matéria do jornal Estado de S. Paulo publicada nesta segunda-feira (04). O governo engavetou medidas antipopulares e passou a atender pleitos de setores que podem ajudar a presidente no Congresso Nacional, onde tramita o processo de impeachment. As medidas do “pacote de bondades” impedem a redução do rombo das contas públicas, que deve chegar perto de R$ 100 bilhões em 2016.
Algumas medidas consideradas impopulares, como as reformas da Previdência e trabalhistas, que chegaram a ser anunciadas pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, foram engavetadas.
Para o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF), a única meta do governo no cenário atual é se manter no poder a qualquer custo. “Na prática é o seguinte: o governo está perdido. O governo priorizou, como sempre foi prioridade para ele, manter-se no poder. É isso que a gente percebe na prática. Agora é o desespero e vai lançar coisas assim absurdas, sem nenhum nexo e nenhuma coerência com a realidade do país. Essa é a prioridade do governo, manter o poder a qualquer custo mesmo que tenha que arrasar de vez o país.”
Além de medidas de crédito e redução de taxas de juros em operações do BNDES, o governo ainda pediu um abatimento da meta em até R$ 120 bilhões para acomodar mais despesas, como da área de defesa, e recursos não previstos para os estados de quase R$ 2 bilhões de reais.
Também estão sendo atendidos pleitos de renegociação agrícola, como ocorreu em 2014. Há pressão ainda para a liberação dos depósitos compulsórios pelo Banco Central. Para muitos especialistas, essa foi a raiz do agravamento da crise que o país vive hoje.
O deputado Izalci Lucas também criticou a posição do governo em se vitimizar diante da crise enfrentada pelo país. “O que eles fazem sempre, são mestre nisso, é saírem de vítimas. O que eles querem agora é colar na população de que está havendo golpe, o que não é verdade. Na prática, o que está tendo é o impeachment pela Constituição. Então, eles vão fazer o que fizeram em 2014. Tentar maquiar as situações, lançar projetos que a gente sabe que não tem recursos para isso, vão tentar esconder os números como fizeram na época da campanha para tentar sobreviver. E é o único objetivo deles: manter o projeto de poder.”