Brasília (DF) – O empreiteiro Marcelo Odebrecht afirmou a procuradores da Operação Lava Jato que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, cobraram doações de empresários que tinham financiamentos do banco para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014.
As informações são do jornal Folha de S. Paulo deste domingo (8).
De acordo com o relato do empresário, eles teriam pedido a empreiteiros que se reunissem com o então tesoureiro da campanha de Dilma, ministro Eduinho Silva, para que “continuassem a ser ajudados” pelo governo.
Mantega já havia sido citado na Lava Jato pela mulher do marqueteiro do PT João Santana, Monica Moura. Ela disse que o ex-ministro indicou executivos de empresas que deveriam ser procurados para receber contribuições em dinheiro que não foram declaradas à Justiça Eleitoral.
As declarações são uma tentativa de Odebrecht de fechar acordo de colaboração com o qual conseguiria benefícios, como redução de pena, diz o jornal. Ele já foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa.
Apesar das revelações, a Lava Jato ainda não fechou o acordo de delação premiada. Segundo a reportagem, os procuradores cobram que o empresário explique como funcionaria o esquema de financiamento de projetos no exterior de empreiteiras brasileiras por meio do BNDES.
A Folha apurou ainda que a Lava Jato acredita que Odebrecht pode trazer novidades nesta área, na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendia interesses de construtoras brasileiras na disputa de projetos na América Latina e na África.
Procurados pela reportagem da Folha, o presidente do BNDES e o ex-ministro da Fazenda afirmaram que “nunca” trataram de doações para campanhas eleitorais.