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“Investidor da Petrobras não fez filantropia”, por Thais Herédia*

thaisA Petrobras é uma só – não existem duas. Existem sim, dois lados dessa mesma moeda. Um deles é o político, o outro é econômico-financeiro. Tanto um quanto o outro são capazes de comprometer, para o bem ou para o mal, o desempenho da maior companhia do Brasil.

Sob os holofotes de um julgamento ético e administrativo, a petrolífera passa pelo seu maior desafio desde que o monopólio do petróleo foi quebrado no Brasil, em 1997, e do lançamento de ações nas bolsas de valores do Brasil e dos Estados Unidos em 2000.

Em seu depoimento no Senado, a presidente da companhia, Graça Foster tentou separar o joio do trigo, dando explicações técnicas sobre as operações da Petrobras na compra da refinaria de Pasadena, assumindo erros e, ao mesmo tempo, defendendo a empresa – não poderia ser diferente.

À provocação dos parlamentares da oposição, Foster respondeu enfaticamente. “Uma empresa que tem R$ 50 bilhões no caixa, hoje, uma empresa que tem uma reposição de reservas no ritmo que a Petrobras tem, não vive no abismo. Em relação ao abismo ético, não concordo, porque a Petrobras não é fruto de um grande homem nem de uma grande mulher. A Petrobras é uma empresa de 85 mil empregados e não podemos ser medidos por uma pessoa e pelas pessoas com as quais ela interagiu. Não vivemos em um abismo ético, não senhor”.

Ela tem razão, a Petrobras é realmente uma gigante. Também não está no abismo, apesar da gravidade das contas da companhia, a perda de valor de mercado – quase 60% –, a falta de transparência na condução da política de preços, e da queda abrupta nas ações negociadas nos mercados. Para evitar o abismo, é preciso mudar já de rumo.

Graça Foster também tem razão quando diz que a Petrobras não é fruto de “um grande homem ou de uma grande mulher”. Talvez fosse bom se ela repetisse isso algumas vezes nas conversas com a presidente da República, Dilma Rousseff, o Partido dos Trabalhadores e, não custa nada, falar também ao ex-presidente Lula.

A Petrobras é metade (mais 1%) do governo – ou seja, de todos os contribuintes brasileiros – e metade (menos 1%) dos acionistas privados, brasileiros e estrangeiros. Eles esperam boa gestão e, principalmente, lucro da empresa! Afinal, quando compraram as ações ofertadas – pelo governo – no mercado, ajudaram a companhia a investir. Não foi filantropia.

 

 Jornalista com experiência na cobertura de economia e política em Brasília e colunista do programa Em Pauta da Globo News

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