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Investimentos da Eletrobras caem 27% no 1º bimestre do ano

3408_2_L.jpgApesar da ameaça dos apagões, o Grupo Eletrobras, composto por 20 empresas do setor energético, reduziu os investimentos em R$ 193 milhões no 1º bimestre de 2014. As aplicações da empresa, no valor de R$ 523,4 milhões, representaram apenas 5,3% da dotação autorizada em orçamento – R$ 9,9 bilhões. No mesmo período do ano passado foram investidos R$ 716,3 milhões em valores já atualizados pela inflação (constantes).

O total investido no 1º bimestre é o menor desde 2010, quando o Grupo investiu R$ 488,9 milhões. A dotação autorizada para este exercício também é inferior à verificada nos últimos dois anos. Em 2012 foram autorizados R$ 11,8 bilhões e, em 2013, R$ 10,8 bilhões. Os dados foram divulgados em portaria do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

A obra de com maior dotação no atual exercício é a de “Implantação da Usina Termonuclear de Angra III, com 1.309 MW (RJ)”, sob responsabilidade da Eletronuclear. A terceira usina da central nuclear de Angra dos Reis recebeu apenas R$ 78,4 milhões no primeiro semestre, o que equivale a apenas 4% dos R$ 2,1 bilhões autorizados para o ano.

Os recursos englobam as etapas de projeto, obtenção de licenças, atividades preparatórias, aquisição de equipamentos, montagem e comissionamento para a construção da usina. Os objetivos com a obra são ampliar a oferta de energia elétrica em cerca de 11.000 GWh/ano para o sistema interligado nacional, aumentando a confiabilidade do atendimento à denominada Área Rio (Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo).

A iniciativa “Implantação do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica na Região Nordeste”é a segunda com maior dotação orçamentária em 2014. Para a ação que pretende ampliar o Sistema de Transmissão de Energia Elétrica da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) foram autorizados R$ 624,1 milhões. A Eletrobras investiu apenas R$ 57,3 milhões na iniciativa durante o primeiro bimestre.

Completa o pódio dos empreendimentos com maior dotação para o ano, a ação “Reforços e Melhorias no Sistema de Transmissão de Energia Elétrica na Região Nordeste”. Foram autorizados R$ 433,1 milhões para a iniciativa, dos quais R$ 54,1 milhões já foraminvestidos pela CHESF.

De acordo com a Eletrobras, historicamente, os dois primeiros bimestres são mais lentos no desembolso do orçamento. Entre as razões apontadas pela empresa para o baixo ritmo de execução estão o regime de contratação regido pela Lei 8.666 e as dificuldades em conseguir licenças ambientais nas obras em execução.

A estatal destacou, entretanto, que a série dos últimos anos mostra que há grande desembolso de recursos na segunda metade do ano, o que vem nos garantindo investimentos, como em 2013, quando foram realizados 83,5% do orçamento previsto de R$ 13,4 bilhões. “O desempenho é inédito em nossa história”, afirma a assessoria da Eletrobras.

Na última sexta-feira, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, afirmou que a companhia continua com grau de investimento, embora tenha tido o rating rebaixado pela Standard & Poor’s. O diretor Financeiro da Eletrobras, Armando Casado, por sua vez, afirmou que o rebaixamento não deve atrapalhar os negócios da companhia.
Ainda na sexta, a Eletrobras informou que registrou em 2013 prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões. O valor é 9,15% menor que o resultado negativo da empresa em 2012, de R$ 6,9 bilhões.

De acordo com o presidente, o prejuízo de 2013 foi influenciado por “fatores recorrentes”, ou seja, gastos a mais que a empresa teve no ano passado e não devem ocorrer novamente. Ele citou como exemplo o custo com o programa de incentivo a demissões, que atingiu no ano passado 4,2 mil funcionários e custou à Eletrobras R$ 1,72 bilhão.

O prejuízo também foi influenciado pela renovação antecipada de concessões de geração e transmissão dentro do plano do governo que levou, em 2013, a um corte médio de 20% na tarifa de luz. Ao aceitar as renovações, dentro das condições propostas pelo Planalto, a Eletrobras deixou de receber, no ano passado, R$ 8,75 bilhões pela operação de usinas e linhas de transmissão.
Carvalho Neto afirmou que a estatal deve registrar lucro em 2014. Se ele se confirmar, seria o primeiro desde 2011. “Esse ano a Eletrobras espera ter lucro. Todos os nossos estudos indicam nesse sentido”, disse.

*Publicado no site da ONG Contas Abertas

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