Brasília (DF) – Os governos do Brasil e dos Estados Unidos repudiaram a eleição da Assembleia Constituinte na Venezuela, ocorrida neste domingo (30). Sob o comando do chanceler Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), o Itamaraty afirmou que o pleito agrava “ainda mais o impasse institucional que paralisa a Venezuela”.
Convocadas pelo governo do presidente Nicolás Maduro para elaborar uma nova Constituição, as eleições foram marcadas por protestos violentos, confrontos e mortes. As informações são do jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (31).
Em nota, o governo brasileiro lamentou “profundamente” a decisão do governo Maduro de rejeitar os pleitos da comunidade internacional pelo cancelamento da convocação de uma assembleia constituinte nos termos definidos pelo Executivo.
“Diante da gravidade do momento histórico por que passa a Venezuela, o Brasil insta as autoridades (…) a suspenderem a instalação da Assembleia Constituinte e a abrirem um canal efetivo de (…) diálogo com a sociedade venezuelana”, diz a nota.
O deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP) afirmou que a decisão do Itamaraty de não reconhecer a legitimidade das eleições é “absolutamente correta”. “Esse processo acontece de forma antidemocrática, sem respeitar a ordem constitucional. O que vimos ontem é fruto de um processo de absoluta ditadura por parte do Maduro”, disse.
Segundo o tucano, o pleito venezuelano foi mais uma forma de Maduro tentar se manter no poder, sem respeitar a democracia, os direitos e o sufrágio universal.
“O estado de Roraima consegue medir bem a situação da Venezuela. O número de refugiados venezuelanos que têm sido socorridos pelo Brasil, principalmente por Roraima, demonstra que não há como reconhecer todo esse processo. O que Maduro tenta é se manter no poder. É alguém que tem apoio das Forças Armadas e se mantém no poder assim”, completou.
Eleição fraudulenta
De acordo com a reportagem, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, declarou que a “fraudulenta eleição” na Venezuela representa “mais um passo em direção a uma ditadura” no país. Segundo Haley, os EUA não aceitarão um governo ilegítimo em Caracas.
O Departamento de Estado declarou ainda que os EUA irão tomar “medidas rápidas e duras contra os arquitetos do autoritarismo na Venezuela”. A agência Reuters, o governo americano considera impor sanções ao setor petrolífero, bloqueando a venda de petróleo leve à Venezuela, necessário para o país diluir o seu óleo e poder exportá-lo.