O ex-governador João Lyra Neto (PSDB-PE) lamentou nesta segunda-feira (19/02) a grave situação da segurança pública no Rio de Janeiro e apoiou a decisão do governo Michel Temer de decretar intervenção federal na área. Para o tucano, “alguma providência teria de ser tomada” diante do fato de o estado se encontrar praticamente sob o controle do crime organizado. João Lyra pontuou que a dificuldade de o poder público do Rio enfrentar a questão da segurança é antiga, reconhecida por vários governos, independentemente de sua posição ideológica.
“Alguma providência teria que ser tomada. Ao longo dos 30 anos, vários governos, independentemente de sua posição ideológica, reconheceram a dificuldade de se enfrentar a segurança do Rio. Uma ONG paulista identificou recentemente 1.126 favelas, das quais 92% delas estão dominadas pelo comércio de armas, drogas e pelas milícias. Isso não é fruto apenas da crise econômica, mas de um comportamento da classe política que não tomou providências. A intervenção tinha de ser feita e tem de dar resultados concretos”, defendeu.
Para o ex-governador, os resultados dessa tentativa do governo federal, via intervenção, no esforço de combater o crime organizado no Rio de Janeiro não podem ser apresentados “apenas do ponto de vista policial (da segurança)”. “Os resultados precisam ocorrer também em reestruturação. Evidentemente que a crise econômica que atravessamos tem sua contribuição com o que ocorre hoje, mas houve erros graves por parte do poder público em relação a vários indicadores sociais. Concordo com a intervenção, mas não será apenas a classe política que vai resolver. A sociedade tem de se mobilizar, e a mídia tem importante participação nesse processo, e dar sua contribuição”.
Pernambuco Quer Mudar – João Lyra Neto falou de sua expectativa para o próximo evento “Pernambuco Quer Mudar” que será realizado no dia 3 de março em Caruaru, no espaço Palladium, casa com capacidade para receber 8 mil pessoas. O encontro está previsto para começar às 9h30.
“Caruaru vai consolidar o sucesso dos encontros realizados em Recife e Petrolina e esse movimento de mudança para Pernambuco. O povo quer mudar e tenho certeza de que esse sentimento se confirmará nas urnas desse ano”, disse.
Sobre o cenário eleitoral para a disputa de 2018, o ex-governador elencou alguns fatores que definirão melhor como se dará a eleição no Estado. Esses fatores, segundo ele, aguardam uma data no calendário eleitoral: o prazo limite de filiações para quem pretende disputar mandato que se encerra em 7 de abril.
“A partir daí, temos de saber: ex-presidente Lula será candidato? As coligações dependerão também desse processo. O PT terá candidato próprio no estado? Nós da oposição deveremos ter duas candidaturas. Tem espaço para isso e esse é o caminho possível para aglutinar todas as forças. Sou defensor desse cenário. A oposição está se fortalecendo, o povo pernambucano vem constatando a falta de liderança política e de capacidades de gestão do atual governador”.
O ex-governador esclareceu que não almeja candidatar-se nessas eleições. “Não pretendo nenhuma candidatura. Se convocado for, evidentemente que analisarei a possibilidade e as condições políticas. Mas com toda sinceridade, não me coloco como pré-candidato. Me coloco como integrante da oposição ao atual governo Paulo Câmara”.
*O ex-governador João Lyra Neto concedeu entrevista a rádio Folha de Pernambuco.