Brasília (DF) – Entre os alarmantes dados tornados públicos pelo Atlas da Violência 2017, levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta segunda-feira (05), chama a atenção o altíssimo índice de mortalidade entre jovens. A taxa de homicídio de jovens de 15 a 29 anos no Brasil cresceu 17,2% entre os anos de 2005 e 2015. O número é maior do que a média de assassinatos ocorridos em todo o país durante o período, que ficou em 10,6%.
As informações são de reportagem publicada pelo portal G1. Em 2005, para se ter uma ideia, a taxa de homicídios era de 51,9 a cada 100 mil jovens. Em 2015, o índice subiu para 60,9. Ao longo dos dez anos analisados pelo Atlas, mais de 318 mil jovens foram assassinados.
Secretário-geral da Juventude do PSDB e diretor de projetos da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), Vitor Otoni lamentou que os jovens ainda sejam as maiores vítimas da violência no Brasil. Mais do que a falta de investimentos em segurança, o tucano destacou a escassez de políticas públicas destinadas à juventude como um fator determinante para os altos índices de violência que acometem essa parcela da população.
“Hoje, os governos, não só o federal, mas a classe política brasileira, tendem a colocar a juventude como um problema. A gente precisa encarar a juventude não como um problema, mas como uma solução. Se a gente encara ela como um problema, a gente a isola. Faltam mais investimentos por parte dos governos municipais e dos governos estaduais na política pública de juventude”, afirmou.
“É um desafio que a gente também encontra a nível federal, uma falta de interesse dos governantes nisso. Os nossos políticos não querem trabalhar políticas públicas para a juventude, e aí acaba que não se investe nos jovens, preferem investir em cadeias lá na frente. Essa falta de política pública para a juventude tem colaborado para o crescimento da violência. É um efeito cascata”, destacou o tucano.
Juventude Viva
É no sentido de elaborar melhor as políticas públicas destinadas a reduzir a vulnerabilidade dos jovens, em especial os negros, aos índices de violência que o governo federal tem trabalhado para reformular o Plano Juventude Viva, programa que tem como prioridade os municípios brasileiros que concentram a maior parte dos homicídios de jovens. Um dos coordenadores à frente da reestruturação do plano, Vitor Otoni explicou que o que falta à juventude brasileira são oportunidades.
“A gente está pensando em um plano que dê alternativas de vida para o jovem. O jovem brasileiro da periferia não tem uma alternativa de vida. Ele acha, aquele jovem que vai para a criminalidade, que não vai ter oportunidade fora da vida do crime. A gente está pensando em uma reformulação do plano que vai apresentar uma alternativa para esse jovem, que é o jovem que quer estudar sair do Ensino Médio e ir para a faculdade, sair da faculdade e trabalhar, ter um emprego”, considerou.
“Nós, enquanto governo e enquanto partido político que se preocupa com isso, temos que apresentar essa alternativa, cabe a nós apresentar alternativas. É óbvio que a gente não vai fazer milagre, mas o jovem que vê essa opção, em sua grande maioria, vai escolher esse caminho”, acrescentou o secretário-geral da JPSDB.
Bons exemplos
Apesar dos índices assustadores de violência entre os jovens, ainda existem no Brasil bons exemplos a serem seguidos. Na contramão do resto do país, em que mais de 318 mil jovens foram assassinados entre 2005 e 2015, o estado de São Paulo, governado por Geraldo Alckmin (PSDB), conseguiu reduzir esses casos em 49,4% no mesmo período. Em 2015, São Paulo também foi o estado com a menor taxa de homicídios entre jovens, registrando 21,9 mortes a cada 100 mil pessoas.
Vale lembrar que, entre os 30 municípios mais pacíficos do Brasil, 19 estão localizados no estado de São Paulo.
“O governador Geraldo Alckmin acredita muito na juventude, e ele tem feito um grande trabalho, assim como o prefeito João Doria, nessa área. Inclusive, o estado de São Paulo tem um plano de Juventude Viva já implantado e em execução, porém com grandes alterações em relação ao plano criado pelo PT, a partir de 2013, que é cheio de falhas. Em âmbito nacional, estamos trabalhando para isso. Vamos lançar uma portaria interministerial, em parceria com todos os ministérios, buscando as políticas públicas para os jovens com o apoio de toda a Esplanada”, completou Vitor Otoni.
Leia AQUI a reportagem do portal G1.