Estudantes secundaristas e a Juventude do PSDB apoiam as mudanças que serão implementadas nos próximos anos no ensino médio brasileiro.
Sancionada pelo presidente Michel Temer na semana passada, a reforma pela qual passará a educação é sustentada em três pontos principais: a flexibilização do currículo escolar, o aumento da carga horária e a implementação do turno integral. Baseados em experiências pessoais, alguns alunos consideram as propostas bastante vantajosas.
Num país em que quase metade dos estudantes está abaixo do nível de aprendizagem adequado em literatura, matemática e ciências nos padrões internacionais, a reforma se faz necessária.
O presidente da Juventude do PSDB, Henrique Vale, ressalta que o ensino médio de hoje não atende aos interesses dos estudantes ou do mercado, o que deixa o Brasil para trás em relação a outros países. Para o tucano, os jovens precisam ter a chance de vivenciar um novo ensino médio.
“Nós estamos atrasados. O mundo inteiro tem avançado e nós estamos ficando para trás. E isso já trouxe sérios prejuízos ao país, que precisam ser revertidos rapidamente. Eu saí do ensino médio há cinco anos, e o desinteresse dos estudantes naquela grade curricular estanque faz com que essas pessoas passem tanto tempo das suas vidas na escola sem ter qualquer perspectiva clara do seu futuro. A flexibilização do currículo é essencial. Nós não podemos entender que os estudantes não tem capacidade de definir o seu futuro. É preciso dar essa liberdade a eles.”
Henrique Vale entende que o papel dos estudantes na instauração das mudanças na educação é tão importante quanto o do governo, e pede aos pioneiros deste novo modelo que fiscalizem e contribuam com o processo de melhoria do ensino.
“Enquanto protagonistas dessa reforma, é fundamental que eles se atentem às mudanças que estão acontecendo e contribuam com o processo de melhoria do ensino brasileiro. É preciso que o estudante passe, em conjunto com os professores e com a administração pública, a construir um ensino de melhor qualidade.”
Estudantes
Isaque Ferreira Lima, de 16 anos, está cursando o 2º ano do ensino médio, e quer estudar Jornalismo no ensino superior. Decidido sobre o caminho a seguir, o estudante gostaria de ter um currículo mais focado em sua área de interesse, e está na expectativa de que a escola onde estuda, no Distrito Federal, adote uma grade escolar mais aberta para as próximas gerações.
“Existem várias coisas que eu gostaria que mudassem hoje em dia. Uma delas é a grade escolar, que não é muito objetiva. Por exemplo, se eu quero estudar jornalismo, existem coisas que não tem muito a ver com o curso que eu quero prestar. E poderia sim ter algo mais objetivo”, afirmou.
A nova lei determina a criação de cinco “itinerários formativos”, que vão ocupar 40% da carga horária dos três anos de ensino médio, de acordo com a proposta da escola: linguagens; matemática; ciências da natureza; ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica e profissional. Na maior parte do tempo será ensinado um conteúdo mínimo obrigatório, ainda em discussão. Dessa forma, o estudante poderá dedicar mais tempo às disciplinas que atendem seus interesses pessoais.
É uma mudança que agrada a estudante maranhense Alyne Monteiro, de 15 anos, que está cursando o 1º ano do ensino médio, simultaneamente ao curso técnico de enfermagem, oferecido pela instituição onde estuda. Familiarizada com alguns aspectos da reforma, Alyne reforça a importância de sair da escola preparada para o mercado de trabalho.
“Eu acho que vai ser ótimo, porque tem coisas que a gente estuda e que nem usa. E estudando o essencial para o que queremos fazer, além do curso técnico, há muito mais vantagens. A gente arranja emprego muito mais rápido e ocupa nosso tempo com coisas que realmente valem a pena.”
A reforma deve começar a valer em 2019. Até o fim deste ano, deverá ser definida a base curricular que será comum a todos os alunos. Matérias como biologia, física e química farão parte dela. A expectativa do Ministério da Educação é que, com o aumento da carga horária até 2024, pelo menos 25% das escolas vão funcionar em período integral.