A desembargadora aposentada Luislinda Dias de Valois Santos (PSDB), primeira juíza negra da história do Brasil, foi empossada oficialmente na tarde desta quarta-feira (6) como secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
A cerimônia, realizada no Salão Negro do Ministério da Justiça, contou com a presença de tucanos como o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a deputada federal Mara Gabrilli (SP), o presidente do Tucanafro, Juvenal Araújo, e a presidente do PSDB-Mulher, Solange Jurema.
Em seu discurso, Luislinda revelou a alegria por ser empossada na Seppir, mas também destacou a necessidade de uma reflexão dos governantes do país em relação à situação dos grupos mais vulneráveis, sobretudo dos negros.
“É nosso dever defender os direitos daqueles que vivem em condições mais vulneráveis: as mulheres, os índios, os jovens, os quilombolas, as pessoas com deficiência, que merecem o nosso carinho, o nosso respeito o tempo todo. Este povo é excluído a todos os instantes e em todos os espaços. Não podemos conviver com este tipo de comportamento e de atitude. E em especial o povo preto, pobre, da periferia. Apesar dos avanços em relação aos direitos da população afrodescendente, os negros continuam sendo vítimas de um modelo social excludente”, salientou a secretária.
A tucana também combateu com veemência o racismo no Brasil, ressaltando que a morte da população negra é um dos mais urgentes problemas a serem resolvidos no país. Para ela, é vital a implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão dos negros em todos os espaços.
“Decorridos mais de 120 anos da ‘pseudo-abolição’ da escravatura, ainda nos encontramos sem perspectivas de que o Estado brasileiro se delibere a implementar ações que realmente nos incluam na vida social como verdadeiros cidadãos de direitos e obrigações que somos”, disse.
“O genocídio dos jovens negros é uma realidade. A cada 23 minutos ceifam-se as vidas de um negro brasileiro jovem. Indago: será que querem fazer a tradicional limpeza, acabando com a raça negra no Brasil? Esta é uma grande reflexão. Precisamos que nossas autoridades reconheçam publicamente a existência do racismo institucional no Brasil e lutem com a força da legalidade para combatê-lo. A punição dos infratores se impõe. Urge esta providência”, acrescentou a desembargadora.
Entre os representantes do PSDB presentes ao evento estavam o senador Aécio Neves, presidente nacional do partido, o líder da legenda na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a deputada federal Mara Gabrilli (SP), a presidente do PSDB-Mulher, Solange Jurema, e o presidente do Tucanafro, Juvenal Araújo.
Juvenal Araújo acredita que a posse marca apenas o início de uma luta pelo fim da desigualdade racial no Brasil. Assim como os outros membros do PSDB, o presidente do Tucanafro também vê o caminho de dificuldades trilhado por Luislinda como uma prova de que a desembargadora terá sucesso à frente da Seppir.
“A história de Luislinda já fala por si só. Uma mulher negra, que realmente nasceu com todas as dificuldades de uma mulher negra, pobre, que mora na periferia e que além de se tornar desembargadora, hoje assume o maior posto ligado à questão étnico-racial”, afirmou. “Nós só temos que agradecer ao PSDB, ao nosso líder, o senador Aécio Neves, a todos os diretórios do Tucanafro que a apoiaram, a todos os segmentos do partido que também a apoiaram. Hoje é o dia de início de mais uma luta”, completou.