Brasília (DF) – Depois de irem à Justiça contra o juiz federal Sergio Moro para garantirem o depoimento de 86 testemunhas de defesa, os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desistiram de 22 delas em um período de dois meses, além de pedirem a troca de outras seis. As testemunhas deporiam na ação penal que apura o recebimento de supostas vantagens indevidas que chegaram a R$ 75 milhões em contratos com a Petrobras, que incluem um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e a cobertura vizinha à residência do ex-presidente em São Bernardo do Campo (SP).
As informações são do jornal Folha de S. Paulo. De acordo com a publicação, entre os nomes retirados da lista de testemunhas estão os dos ex-ministros Jorge Hage, Alexandre Padilha, Jaques Wagner e Aldo Rebelo. Os três primeiros já haviam sido ouvidos na ação que investiga o apartamento tríplex no Guarujá, pela qual Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão na última semana.
Vale lembrar que o conflito entre a defesa do ex-presidente e o juiz Sergio Moro começou justamente porque o magistrado criticou o reuso de testemunhas “que poderiam ser substituídas, sem prejuízo, por provas emprestadas [de outros processos]”. Em resposta, os advogados de Lula alegaram que o juiz pretendia “desqualificar a defesa”.
Para o deputado federal Fábio Sousa (PSDB-GO), a desistência de 22 das 86 testemunhas arroladas anteriormente evidenciam que o número exagerado era apenas mais uma tentativa da defesa do ex-presidente de prolongar o processo. O parlamentar acrescentou que, após a primeira condenação de Lula na Operação Lava Jato, a defesa do petista deveria focar em provar a sua tão alegada inocência nas outras ações a que ele responde.
“Acredito que o ex-presidente Lula deveria se concentrar na comprovação, se é que ele tem condições para isso, da sua inocência. Fica parecendo que ele não tem condição para provar a sua inocência, então fica tentando protelar a ação, processando promotor de Justiça, processando o próprio Sergio Moro, mas não se concentra nos autos, nas provas. Ou é para protelar o processo, ou é para sair do cerne do processo”, constatou.
O tucano lembrou ainda que, além da Lava Jato, Lula responde a processos nas Operações Janus, desdobramento da Lava Jato, e Zelotes, que apura a venda de medidas provisórias com incentivos fiscais a montadoras de veículos em 2009, época em que o petista ainda era presidente da República.
“Ele responde a diversos outros processos na Justiça, não só no âmbito da Lava Jato. É muita coisa. A verdade é que os advogados dele ainda têm muito trabalho. E me parece que terão mais ainda pela frente, com o avanço das investigações”, completou Sousa.
Leia AQUI a reportagem da Folha de S. Paulo.