Há poucos dias do início da COP 21, em Paris, o Instituto Teotônio Vilela (ITV) realiza um evento de grande importância sobre a proposta brasileira. O evento será realizado nesta segunda-feira (23), a partir das 8 horas, no Hotel Tivoli, em São Paulo (Alameda Santos, 1.437).
Há uma grande expectativa de um acordo internacional na França com o objetivo de garantir a estabilidade do sistema climático do planeta. José Aníbal, presidente do ITV, ressalta que “o futuro da Humanidade depende da capacidade dos países em reduzir as suas emissões de gases efeito estufa, para garantir que o aumento médio da temperatura do planeta não ultrapasse os 2ºC até o fim do século”.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) tem reiteradamente insistido que as conseqüências do aquecimento global, em um cenário acima dos 2ºC, podem ser catastróficas e irreversíveis, provocando graves prejuízos à economia mundial e convulsões sociais. O Brasil tem sido elencado entre os cinco maiores emissores de gases efeito estufa do planeta, em função dos altos índices históricos de desmatamento. Entretanto, estes índices têm decrescido nos últimos anos, havendo expectativa de que seja possível a cessação de todo o desmatamento ilegal praticado no país.
Fernando Henrique Cardoso, com a sua larga experiência internacional, participará da abertura do evento, com o propósito de sinalizar sobre a importância do Brasil se preparar para as mudanças climáticas: “é inevitável que mais cedo ou mais tarde tenhamos que caminhar na direção de uma economia global de baixo carbono. Vejo muitas oportunidades econômicas, tornando-se indispensável não perdê-las por apego a visões ultrapassadas”.
Desde a realização da Eco-92, o Brasil tem inegavelmente exercido um grande protagonismo nas negociações internacionais. Luiz Gylvan Meira Filho, um dos responsáveis pelo Protocolo de Kyoto e uma das maiores autoridades mundiais em mudança do clima, irá expor de modo conciso o que a comunidade científica recomenda aos países em termos do novo tratado internacional. Por orientação da presidência, o Brasil liderou os esforços que resultaram em propostas criativas e inovadoras, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Carlos Klink, secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério de Meio Ambiente, irá expor a proposta brasileira, denominada no jargão climático “INDC”. Esta proposta tem sido bem recebida pela comunidade internacional, de acordo com especialistas, mas, na opinião de José Aníbal, sempre pode ser melhorada: “estamos reunindo o que há de melhor neste evento, para colhermos subsídios de como a proposta brasileira pode ser aperfeiçoada. Gente das universidades e das empresas, secretários de Meio Ambiente de vários Estados e representantes das principais ONGs brasileiras nos ajudarão a identificar vulnerabilidades da proposta brasileira e a fazer recomendações aos negociadores”.
José Goldemberg, um dos negociadores da Rio-92 e atualmente presidente da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, acredita que “o Brasil deve utilizar Paris para pressionar outros países, no intuito de estes também terem INDCs ambiciosas: Estados Unidos, China, Índia e Japão apresentaram propostas aquém do desejável”.
Dada a grande importância e dependência do Brasil de suas florestas, de sua agricultura e de fontes renováveis de energia, poucos países do mundo são tão sensíveis às mudanças climáticas quanto o Brasil. Para Israel Klabin, Presidente da FBDS – Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, “queremos saber como podemos implementar a proposta brasileira: com que ferramentas, com que políticas, com que recursos. Isto terá que ser avançado no tempo.”
Aécio Neves, presidente do PSDB, insistiu na necessidade de um formato que assegure que todos participem em pé de igualdade: “em 2000, o Governo FHC criou pioneiramente o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. O presidente, à época, participava das reuniões e, com isso, colhia subsídios que lhe ajudaram a conversar com os seus pares, como o presidente Clinton”.
Este evento demonstra claramente que o Instituto Teotônio Vilela considera fundamental participar das negociações internacionais sobre mudança do clima. No ano que vem pretende realizar eventos que avaliem os desdobramentos da COP 21. Para José Aníbal, “o PSDB tem clareza de que os partidos políticos precisam estar ligados na agenda do século 21”.
- Do portal do ITV nacional