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Mercadante pediu à Previ ajuda para Steinbruch

O ex-diretor da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) Humberto Eudes Diniz disse ontem que o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) foi peça fundamental na participação do fundo no consórcio liderado por Benjamin Steinbruch, que comprou a Companhia Vale do Rio Doce, em maio de 1997. Diniz contou que, faltando um mês e meio para a realização do leilão, Mercadante se reuniu com ele e outro ex-diretor da Previ Antônio Nogueirol no Sindicato dos Bancários de São Paulo, para incentivar a entrada da Previ no negócio.

Diniz: Mercadante queria formação de grupo nacional

Ele disse ainda, que uma semana depois do encontro, Mercadante fez uma palestra para todos os diretores da Previ, no Rio. Segundo Diniz, o deputado, que na época estava sem mandato (foi vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, que perdeu as eleições para a Presidência da República em 1994), disse que era importante a formação de um grupo nacional, com forte participação dos fundos de pensão, para concorrer com o consórcio Valecon, liderado pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes, da Votorantim, que se unira à mineradora africana Anglo América.

Seu argumento seria que, caso a Vale fosse arrematada pelo Valecon, a companhia ficaria nas mãos de estrangeiros, disse Diniz.

– Para nós, Mercadante foi peça fundamental na formação do consórcio – afirmou Diniz.

Ele lembrou que um dos argumentos defendidos por Mercadante para que a Previ participasse do leilão era que as ações da Vale em poder do fundo poderiam perder valor caso a Previ ficasse fora.

Mercadante confirmou que participou do encontro com os dirigentes da Previ, no Sindicato dos Bancários, e sua ida à Previ, no Rio, para tratar do assunto. O deputado petista nega, no entanto, que tenha tido atuação decisiva para convencer a Previ a entrar no processo.

O petista afirmou que sempre foi contrário às privatizações e que, na impossibilidade de impedir a venda da Vale, achava melhor que o controle da companhia ficasse com brasileiros.

O deputado disse que resolveu tomar essa decisão depois que Antônio Ermírio fez um acordo com um grupo estrangeiro.

– Não tive esse papel definidor. Além disso, a Previ já tinha relações com Steinbruch, na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) – disse Mercadante.

Mas, segundo Diniz, o relacionamento de Steinbruch com os diretores da Previ nunca foi amistoso.

– Ele (Steinbruch) é uma pessoa difícil – afirmou Diniz, lembrando que Mercadante e Steinbruch são amigos desde a juventude.

Mercadante disse que não faz sentido ligar o nome dele às denúncias envolvendo Ricardo Sérgio nas privatizações.

– Eu sempre lutei contra a privatização. Continuo mantendo a mesma posição – afirmou o deputado.

Ex-presidente de sindicato diz que foi ação política

O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), que era presidente do Sindicato dos Bancários e tinha Mercadante como assessor, na época da privatização da Vale, confirmou ontem as declarações de Diniz.

– Só que não vejo acusação nenhuma. Foi uma ação política nossa para fazer com que a Vale ficasse em mãos nacionais, que foi o que acabou acontecendo – disse.

Segundo o deputado, a avaliação dele e de Mercadante era de que se o consórcio Valecon vencesse o leilão o controle ficaria em mãos estrangeiras. Além disso, a Previ ficaria com as ações desvalorizadas, pois o controle seria da Anglo América.

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