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Moda no Brasil, Turquia comemora seu herói – Artigo de Terezinha Nunes

* Terezinha Nunes

Precisamente às 9 horas do dia 10 de novembro último, a Turquia, um dos países que mais cresce na Europa, literalmente parou. Sirenes e buzinas de automóveis foram acionadas, quem estava andando nas ruas se curvou em sinal de respeito e turistas foram surpreendidos no meio das compras matinais na grande cidade de Istambul: a validação de pagamentos com cartões de crédito foi suspensa alguns minutos, em plena operação, porque o sistema eletrônico fora desligado automaticamente por ordem federal.

No mesmo dia, todos os jornais e emissoras de rádio e TV registravam o motivo de toda aquela mobilização nacional: é que exatamente às 9 horas falecera há 74 anos, no dia 10 de novembro de 1938, aquele que todos chamam hoje, corriqueiramente, de “pai dos turcos”, o líder político Mustafa Kemal Ataturk, herói da guerra da independência e fundador da República da Turquia.

Sua morte, de causas naturais, causou consternação em todo o país e vem sendo lembrada sempre na mesma data e horário mas neste ano de 2012 os turcos não escondiam o motivo principal da grande comemoração. É que, embora seja um país europeu a Turquia não respira o ar de desolação que toma conta do Continente neste momento em que a crise econômica se agudiza. Cresceu 9% em 2010 e 6,5% em 2011. Em 2012 as previsões indicam um crescimento em torno dos 5% quando os demais países terão crescimento negativo ou bastante tímido.
Por que Ataturk é, até hoje, celebrado pelos turcos, inclusive com grande rostos esculpidos em rochas no alto das montanhas do país?

Além de fundador da República ele é tido como o principal responsável pela existência da Turquia Moderna, um país que, apesar de ter 90% de sua população muçulmana e mesquitas em toda parte, está anos luz à frente dos radicais islâmicos vizinhos, como o Irã, e da Síria, ainda hoje nas mãos de um ditador que mata a população civil para se manter no poder.
Para isso, Ataturk garantiu às mulheres turcas já em 1923 o direito de abandonar a burca e usar roupas ocidentais e de votar e serem votadas. Convenceu também os homens de que elas precisavam trabalhar para que o país se desenvolvesse.
Suas reformas, porém, não ficaram só por aí. Foram muito mais profundas. Ele adotou um novo alfabeto turco, uma variante do alfabeto latino, substituindo o alfabeto árabe até então vigente que dificultava a comunicação do país com o restante do mundo e deu total prioridade à educação levando a Turquia hoje a ter 98% de sua população alfabetizada, um dos índices mais altos do mundo.

As reformas no Código Penal – a Turquia tem baixíssimos índices de violência – foram feitas com base no Código Penal Italiano e para criar uma nova a legislação comercial, Ataturk foi em busca também do mais moderno em sua época: o código comercial alemã.Os turcos atribuem a ele, com razão, a bonança dos dias de hoje. O país, além de longe da crise européia, tem setores agrícolas e industriais modernos e garante 25% do seu PIB através do turismo experimentado, sobretudo, nas belíssimas regiões da Capadócia, Ismir e na cosmopolita Istambul. Todos de encher os olhos e macular pouco o bolso. Em euro ou liras turcas serviços e mercadorias custam metade do preço praticado no Brasil.

* Terezinha Nunes é suplente de deputada estadual e, em janeiro, assume a titularidade no lugar do deputado Carlos Santana (PSDB), eleito prefeito do município de Ipojuca.

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