“Se os tempos mudam e os comportamentos não se alteram, então é a ruína” (Maquiavel)
Há muitos anos tenho refletido sobre o ser humano e a sua influência diante da infinitude da Terra. Sempre me questiono sobre as práticas predatórias do homem que podem levar o planeta à quase ruína. Hoje todos os povos do mundo vivem sujeitos aos mais diferentes fenômenos ou como quero definir, transtornos ambientais.
O planeta agoniza. São enchentes e secas, furacões, avanços do mar, erosões, tudo representa o aquecimento global. Afinal, que planeta vamos legar aos nossos filhos e netos? Esta é uma indagação que devemos fazer sempre. Aliás, temos que ir além nos questionamentos. O que podemos fazer para conter esta ameaça à espécie humana e ao seu habitat? Seria pretensioso da minha parte responder a essas indagações, mas certamente algumas pistas podem ser dadas.
Entendo que a lógica da relação do homem com a natureza é insustentável e nos seus fundamentos, absolutamente caotizantes, pois os recursos naturais, como a água, essencial para a vida, não são inesgotáveis. E, de onde somente se tira e não se põe, leva primeiro à escassez e ao desequilíbrio e, como consequência, ao esgotamento e/ou a perda comprometedora da qualidade, como por exemplo do ar, que penaliza a vida dos homens, de todas as classes sociais!
Sem pretender ser alarmista, mas não fugindo da gravidade da questão, é preciso afirmar que o assunto exige de todos nós uma tomada de consciência e, sobretudo, uma nova postura, nesta delicada relação. Caso contrário, seremos tragados pela furiosa natureza, que degradada, reagirá dizimando a nossa espécie – e muitas outras – que contribuem para o equilíbrio ambiental, já tão comprometido!
E aí? Vamos esperar que a Ciência, a técnica e os governos resolvam esta questão, que pertence a cada um de nós? Esta é uma problemática da sociedade e devemos encará-la como um fator ideológico e político, com um “P” maiúsculo, diga-se de passagem.
Em primeiro plano, os interesses giram em torno da busca de resultados e lucros imediatos, e o compromisso com a sustentabilidade acaba sendo “conversa para boi dormir”! Enquanto isso, os anônimos, na sua maioria, não estão nem aí para o assunto. Muitas vezes, além de acomodados, vão dando uma “mãozinha” para o agravamento da crise global e acelerando cada vez mais o desequilíbrio ambiental.
É agir agora ou assistir ao caos que irá se instalar, caso a mudança de hábitos não aconteça. Esse é o grande desafio. É assim que penso e me posiciono como cidadão.
Como além da minha cidadania, tenho uma responsabilidade de agente público, defendo e tenho implantado em minha cidade algumas ações relevantes nesse contexto. São políticas sustentáveis contempladas no Plano de Desenvolvimento Sustentável Jaboatão 2020, que atendem pelos eixos de Igualdade, Habitabilidade, Modernidade e Competitividade, todos permeados pelo pilar da Sustentabilidade. A minha proposta é aprofundar a Política Ambiental da Cidade.
Eu já tomei algumas decisões. No segundo mandato, onde questões como a governabilidade, o planejamento estratégico e as políticas públicas de desenvolvimento social e econômico estão delineadas, o meio ambiente será política focal e mobilizadora da sociedade. Estamos discutindo, por exemplo, a realização de uma AUDITORIA AMBIENTAL e uma CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE, à parte da Conferência da Cidade, onde vamos promover o pacto por uma Jaboatão mais saudável.
Pontualmente, gostaria de fazer referência ao nosso Programa de Coleta Seletiva, que já é o maior de Pernambuco e será ampliado. O nosso Plano de Saneamento Básico, que entre outros benefícios, livrou a Cidade do seu degradante lixão, garantiu o acordo com o Governo Estadual e a parceria com a iniciativa privada que culminará com o tratamento de todo o esgoto sanitário de Jaboatão dos Guararapes em pouco mais de dez anos. Sem falar nas políticas de sustentação dos morros e o plano de drenagem para conter alagamentos, com recursos da ordem de 40 milhões já assegurados, e execução iniciada. Inclusive, as obras de combate à erosão marinha, com investimento de 42 milhões, estão prestes a serem iniciadas.
Estamos nos preparando para encaminhar à Câmara, um Projeto de Lei, solicitando prazo para implantação do uso de combustíveis com menor potencial poluente, como o biodiesel e a energia elétrica, na frota de transporte coletivo e de táxi da cidade. Vamos criar uma Secretaria para cuidar especificamente da mobilidade. Esta Secretaria terá foco no pedestre, no ciclista e no usuário do transporte coletivo e será chamada – seguindo o bom exemplo de Bogotá – de Secretaria de Mobilidade Humana.
Durante esses dias de participação no congresso sobre Cambio Climático, em Bogotá, tenho conseguido pensar sobre o papel das Cidades na construção de um planeta sustentável. Eu me comprometo a aprofundar ações que visem avançar nesta direção e convido os colegas prefeitos de Pernambuco a firmarmos um pacto pela sustentabilidade e pela instituição do ParlaClima (um projeto que pretendo criar mais na frente), para estudos e debates sobre a decisiva agenda mundial!
Viva a natureza, viva a vida, viva você, agente de restauração planetário!
Elias Gomes (PSDB) – Prefeito de Jaboatão dos Guararapes – PE