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“Nacionalização prometida por Lula não sai do papel”, por Terezinha Nunes, deputada estadual do PSDB

tecaCandidato a presidente da república em 2002, o ex-presidente Lula anunciou que, eleito, refundaria a indústria naval brasileira, produzindo no país navios com 100% de tecnologia e equipamentos nacionais. Depois que virou presidente e criou o Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro) Lula ficou mais realista e decidiu que os navios a serem fabricados no Brasil teriam que ter no mínimo 65% dos seus componentes produzidos no país.

Há poucos dias, descobriu-se que a prometida nacionalização pode não passar de uma falácia. E o problema surgiu no Estaleiro Atlântico Sul (EAS) instalado em Pernambuco, um dos três aos quais a Transpetro tem encomendado suas embarcações.

O Estaleiro pernambucano, que já tinha dado um vexame de grandes proporções ao ter seu primeiro navio – o João Cândido – inaugurado pela presidente Dilma e, em seguida, rebocado de alto-mar para reparos em seu casco, o que atrasou em quase dois anos a entrega das encomendas, voltou a surpreender.

A imprensa pernambucana descobriu que o estaleiro importou da China, completos e até pintados, os cascos dos dois navios que deverá entregar à Transpetro até o final de 2014. O primeiro deles já tem nome – Dragão do Mar – o segundo ainda não.

Que motivos teriam levado o EAS a fazer tal importação já que entre o João Cândido e o Dragão do Mar produziu outro navio, o Zumbi dos Palmares? Está difícil explicar mas como a imprensa só descobriu a importação do casco do quarto navio quando a mercadoria já estava chegando a Suape e o casco do Dragão do Mar já tinha sido importado bem antes, longe dos holofotes, é possível que o casco do Zumbi dos Palmares também tenha sido importado, o que demonstraria a total incapacidade técnica ou de pessoal para produzir aqui os navios sonhados lá atrás.

O casco, por si só, custa 40,7 milhões, o que representa 34% do custo do navio. Para manter o índice de nacionalização só se poderia importar depois dele 1% do custo. Acontece, como reconheceu o presidente da Câmara Setorial de Equipamentos Navais, César Prata, que o motor principal também terá que ser importado, o que comprova que os navios estão passando do limite de componentes importados – 35% – ferindo a legislação e o discurso ufanista de Lula hoje repetido por Dilma.

Enrolado em suas explicações o presidente da Transpetrop, Sérgio Machado, garantiu que os 65% estão garantidos mas não quis entrar em detalhes e o governador de Pernambuco Eduardo Campos minimizou o episódio, ressaltando que o importante é que as embarcações sejam feitas e entregues.

Vai ser difícil desvendar os mistérios por trás de todos esses revezes e de uma promessa não cumprida por Lula. No ano passado os sul-coreanos que, através da Samsung, tinham 6% das ações do Estaleiro se afastaram do negócio e a procura por outro parceiro só foi resolvida este ano quando a japonesa IHI adquiriu 25% das ações do EAS ficando a Queiroz Galvão e a Camargo Correa cada uma com 37,5% cada.

A chegada dos japoneses foi celebrada como a solução para resolver o imbróglio dos problemáticos cascos dos navios. Ainda é cedo para saber se, enfim, eles vão conseguir fazer o casco, que pesa 11,5 toneladas e tem 274 metros de comprimento por 48 de largura, em terras brasileiras.

César Prata joga lenha na fogueira afirmando que importar casco de navio é ir buscar fora “ caldeiraria pesada “. Garante que as empresas brasileiras têm capacidade para isso e estão ociosas.

Afinal, de quem é a culpa de toda essa trapalhada?

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* Artigo publicado no Blog de Jamildo

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