O deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE) foi o entrevistado do programa “Folha Política”, da rádio Folha de Pernambuco, desta sexta-feira (11/8). O tucano ressaltou a importância de o Congresso sair dos “penduricalhos” e promover uma reforma política que promova de fato mudanças no sistema eleitoral brasileiro.
Defensor do Parlamentarismo, Betinho se diz simpatizante do voto distrital misto para as eleições proporcionais, mas ainda avalia se o melhor caminho para chegar a ele é passando primeiro pelo ‘distritão’. Confessa, porém, seguro de que o sistema vigente, o chamado “presidencialismo de coalizão”, está provado que não funciona, sobretudo na busca de soluções para graves crises como a que o país atravessa hoje por “total e exclusiva responsabilidade do PT”, ressaltou.
O tucano também comentou a tônica dada às recentes inserções do PSDB que antecedem o programa nacional do próximo dia 17. Na publicidade, o partido apresenta os principais “acertos” da sigla em momentos decisivos na história do país, mas reconhece que errou no atual cenário político nacional.
“O PSDB tem uma grande responsabilidade, tem bons quadros, é um partido que admite seus erros, sinalizando com humildade, e buscando um caminho. Não agimos como o PT que durante 13 anos cometeu graves erros, embora tenha tido também seus acertos, e não faz autocrítica”.
Abaixo, trechos da entrevista:
REFORMA POLÍTICA
Com o voto distrital misto, de um lado fortalecemos regionalmente a representação política e do outro os programas partidários. Isso dá equilíbrio na condução da eleição dos parlamentares porque se atende objetivamente custo menor de campanha. Até aqui, o que fizemos foram penduricalhos. A essência está na mudança do sistema eleitoral. E para mim, passa pelo voto distrital misto. Para chegar até lá, teríamos a transição de passar pelo distritão agora em 2018. Eu pessoalmente não tenho simpatia pelo distritão, mas total simpatia pelo distrital misto. Acho que é um avanço para o sistema eleitoral. A partir daí daremos o passo seguinte que é a adoção do sistema parlamentarista.
PRESIDENCIALISMO
A gente está vivendo duas crises recentes, Dilma e Temer, que mostraram que o sistema atual não as resolve rapidamente. Esse sistema presidencialista de coalizão já mostrou que não funciona, é um sistema que alimenta crises políticas. Então, acho que vários ajustes precisam ser feitos. O primeiro é cláusula de desempenho para reduzir o número de partidos. Depois, voto distrital misto para baratear as campanhas. E em seguida, o parlamentarismo para enfrentar as crises.
PARLAMENTARISMO
O erro do PSDB foi não ter mantido a ênfase em defesa do parlamentarismo. É fundamental ter isso como bandeira permanente porque está comprovado que o presidencialismo de coalizão não funciona. Nós temos um excesso de partidos, o Congresso tem hoje 28 legendas, das quais a maioria não representa nenhuma fatia significativa da sociedade. A cláusula de desempenho vai ajudar nisso. Agora é preciso insistir no parlamentarismo porque ele é mais flexível na resolução das crises. É um sistema que pressupõe partidos fortes. A Grécia enfrentou uma grave crise econômica e seu primeiro ministro, diante do desgaste, convocou nova eleição e conseguiu inclusive aprovar um programa de ajuste fiscal. A mesma coisa acontece agora na França. Esse é um caminho para amadurecer a nossa democracia.
CRISES, HERANÇA DO PT
A economia brasileira, em frangalhos, com uma retração dos últimos 3 anos de 8%, com 14 milhões de desempregados, com um rombo nas contas públicas, é de total e exclusiva responsabilidade do PT. A ex-presidente Dilma começou a errar quando disse na campanha eleitoral que estava tudo maravilhoso. Já sabíamos ali que as contas públicas iam de mal a pior. De lá para cá, foi só afundando. Então, a ex-presidente criou uma situação de ingovernabilidade social e política. Agora foi um erro do PSDB não se limitar a apoiar a agenda de recuperação da economia que o governo Temer propôs e entrar no governo com ministros. Esse talvez seja o grande dilema do partido. Sou um dos que defendem a saída do governo, mas não por me somar àqueles que querem ver o país ir de mal a pior. Vamos apoiar o que for para o Brasil, sem cargos, apenas o compromisso com o país.
AUTOCRÍTICA
O PSDB tem de estar pronto para apresentar uma proposta que tire o país dessa crise profunda que o PT criou. Sem alimenta a raiva do ‘nós conta eles’. O PSDB tem uma grande responsabilidade, tem bons quadros, é um partido que admite seus erros, sinalizando com humildade, e buscando um caminho. Vamos fazer uma convenção nacional no final do ano para firmar compromisso com nossas bandeiras históricas e com novos compromissos como a reforma do Estado brasileiro. Não agimos como o PT que durante 13 anos cometeu graves erros, embora tenha tido também seus acertos, e não faz autocrítica.