O candidato do PSDB à prefeitura do Recife, Daniel Coelho, tem conduzido sua campanha sob o lema ‘do fazer funcionar o que já existe, antes de prometer algo novo’.
O tucano acredita que para fazer uma gestão mais eficiente, o modelo passa necessariamente por esse caminho, mesmo reconhecendo que seja esse um imenso desafio, inclusive para um candidato diante do tradicional formato de fazer campanha prometendo de tudo.
“É um formato diferente de encarar a eleição. Todo mundo promete sempre obra nova e não conclui o que está parado. Estamos enfrentando esse desafio. Quero ser prefeito para mudar a maneira como a cidade é administrada, fazendo uma gestão mais enxuta e eficiente, governando com os melhores quadros, e fazendo funcionar os equipamentos públicos que já existem. Há mais de 180 unidades de saúde no Recife, mais de 320 escolas, 9 Centros Sociais Urbanos abandonados e nosso grande desafio é colocar todos esses equipamentos para funcionar com padrão de atendimento satisfatório e mudar esse modelo de quem constrói uma obra nova e abandona o que já existe”
Abaixo, conheça o que Daniel Coelho propõe para melhorar a gestão do Recife:
Infraestrutura
Neste ponto o problema de saneamento é o mais grave. Nós temos apenas 38% do Recife com saneamento básico, esse índice era de 36% há quatro anos quando o atual prefeito assumiu e quase nada foi feito, nem a Parceira Pública Privada está funcionando. Em tese, não sou contra as PPPs, mas elas precisam contar com a cobrança do prefeito para que os serviços sejam executados. Essa parceria foi firmada repassado metade da conta de água, no que se refere à taxa de esgoto, para o ente privado e este tendo a responsabilidade de sanear não só o Recife como também a Região Metropolitana. E é evidente que há uma conivência do prefeito em não fazer cobrança. Se a empresa não faz o serviço, cabe ao prefeito cancelar contrato, renegociar, mas não pode admitir que um contrato em validade não seja cumprido.
Hoje há uma visibilidade diferente nas obras de saneamento porque as pessoas estão sentindo na pele. Com essa epidemia de microcefalia, de zika, de dengue, não é por acaso que Recife é campeã dessas doenças. Esse tema veio para a pauta porque com as famílias estão adoecendo, elas começaram a se preocupar com o tema. Em decorrência dessas doenças, a população começou a se preocupar mais com esse assunto. O prefeito precisa ser firme em relação a isso, sentar à mesa e cobrar do ente privado porque o serviço não está sendo executado e, se necessário, cancelar o contrato. O que não pode é continuarmos mais 4 anos com um contrato em validade, com recursos da conta d’água sendo repassados para uma empresa sem resultado. Não dá para aceitar isso.
Mobilidade urbana
A gente tem uma legislação aprovada pelo então prefeito João Paulo (PT) que tira da prefeitura a responsabilidade pelas calçadas e repassa exclusivamente para os proprietários dos imóveis. O prefeito que não tiver a coragem de revogar essa lei e fazer outra que determine sim, a responsabilidade da prefeitura, nós não reverteremos o péssimo estado de nossas calçadas. Nesses últimos 12 anos a situação piorou e isso só se reverte quando a prefeitura atuar em conjunto com os cidadãos. O que a gente tem de fazer é assumir a responsabilidade e há orçamento para isso, se fizermos relocamento de recursos que estão destinados para áreas que não são cabíveis. Quando a prefeitura assume sua responsabilidade e um proprietário de determinado imóvel não cumpre a sua parte, o poder público executa a obra e depois cobra do proprietário. O que a gente não pode é ter uma legislação que responsabilize apenas o cidadão.
Avenida Conde da Boa Vista
Essa é mais uma herança do governo do PT, fizeram uma obra com uma boa ideia mas mal executada. É evidente que o corredor exclusivo de ônibus é uma tendência, mas centralizar as paradas de ônibus foi um erro. As paradas têm de estar na calçada porque você não pode obrigar um idoso ou cadeirante atravessar a rua para ter acesso ao ônibus. As baias construídas também não têm a menor lógica. Então trazer as paradas para a calçada e abrir espaço para melhor circulação é uma intervenção que vamos fazer sim. Não há justificativa para o que o governo do PT fez e para o atual prefeito não ter encarado o problema. O que me impressiona é que ambos agora dizem que vão refazer. Governaram 16 anos e chegando na eleição dizem que vão refazer a Conde da Boa Vista.
Obras paradas
Vamos concluir todas as obras. Nós tivemos a coragem, e não é fácil para um candidato fazer isso, de assumir o compromisso de não fazer coisa nova enquanto não terminarmos as que foram iniciadas e colocar para funcionar os equipamentos que já existem. É um formato diferente de encarar a eleição. Todo mundo promete sempre obra nova e não conclui o que está parado. Estamos enfrentando esse desafio. O Teatro do Parque é um exemplo de obra abandona, inclusive por falta de uma política cultural em nossa cidade. Há um modelo hoje na cidade que confunde política cultural com shows e festas. Política cultural é manutenção dos nossos teatros, é ajudar quem faz cultura o ano inteiro. Esses grupos não apenas mantém a nossa cultura como criam um envolvimento da cidade. Em vários bairros do Recife há grupos culturais, por que não incentivar a cultura local ao invés de gastar os recursos em grandes shows?
Parques e praças
Isso volta para a questão de quando se foca em algo novo e se tira orçamento da manutenção, as consequências são evidentes. Quando se quer atender com uma nova construção, para colocar na publicidade, e se abandona a manutenção dos espaços públicos. O desafio de manter a cidade funcionando é imenso para o próximo prefeito. Estamos enfrentando esse debate sem fazer o discurso da construção, mas o da manutenção. Fazer o Recife funcionar trará ganhos para todos.
Educação
Nós temos um dado do Ideb que precisa ser muito bem avaliado. Enquanto Pernambuco avançou na nota do Ideb, Recife andou para trás. O que já era muito ruim após 12 anos do PT ficou pior no período do PSB. Nós temos a 19ª rede de educação entre as capitais e agora demos três passos para trás: hoje, Recife é a 22ª rede. Se o Estado avançou não foi por conta de nossa cidade. Atribuir à crise, ao orçamento, é conversa fiada. O custo de um aluno na rede pública é de R$ 865, essa é a mensalidade da grande maioria das escolas particulares. O problema mesmo é de gestão, fruto desse modelo de construir uma unidade nova abandonando a antiga. Foram feitas 5 escolas integrais no Recife e 320 foram abandonadas. A gente precisa trabalhar a rede como um todo. Não posso prometer o que fez o atual prefeito de dizer que vai universalizar o ensino público e não cumpriu. Não porque eu não queira, mas porque não há recursos.O que a gente tem de fazer é a recuperação da rede como um todo, disponibilizar internet em todas as escolas e, de forma emergencial, oferecer reforço para português e matemática no contra-turno, quando o aluno não está em sala de aula. Sem o conhecimento dessas duas áreas nós estaremos criando uma geração perdida.
Segurança Pública
Nós precisamos valorizar e equipar a guarda municipal. A guarda municipal tem de ser parceira da polícia militar. A gente está propondo, por exemplo, as blitzs dos ônibus e o mais importante é que a prefeitura tem a responsabilidade da prevenção da violência: identificar áreas de risco e implementar ações. Nós temos 9 Centros Sociais Urbanos abandonados. Esses espaços funcionaram nas décadas de 80 e 90 e hoje estão completamente destruídos. E estão localizados em bairros de alta criminalidade.
Saúde
O modelo ideal de saúde é o que funciona. Novas unidades não garantem execução do serviço. Construir uma unidade nova, mas se vai no posto do bairro e não há médico nem remédio, consulta e exames demoram às vezes meses, esse é um sistema ineficiente. Nós precisamos trazer a saúde para a realidade de 2016. Hoje não há prontuário eletrônico nos postos de saúde! A prefeitura está informatizada para cobrar IPTU das pessoas, mas para servi-las nos postos de saúde não dispõe de tecnologia. Temos de acabar com esse modelo de o paciente ir ao posto a cada etapa do tratamento e implementar um formato onde as pessoas possam marcar consulta pela internet. Com isso, a gente ganha eficiência.