A economia brasileira encontra-se em estado de quase letargia.
E isso não é de agora.
Já há algum tempo temos crescido menos que países com características similares à nossa.
É como se, numa corrida de longa distância, estejamos ficando cada vez mais para trás.
Na sexta-feira, saiu a primeira prévia do comportamento da economia brasileira em 2013.
Segundo o IBC-Br, calculado pelo Banco Central, o PIB do país caiu 0,17% entre outubro e dezembro, depois de já ter recuado 0,21% entre julho e setembro.
No ano, houve expansão de 2,52%.
Tecnicamente, pelos números do BC, o país terá atravessado uma recessão no segundo semestre de 2013, com dois trimestres seguidos de PIB negativo.
Mas a maior parte dos analistas é cautelosa em chancelar esta avaliação, uma vez que o IBC-Br costuma destoar dos números oficiais do IBGE, que só serão conhecidos no próximo dia 27.
De todo modo, é voz corrente que setores importantes da economia vão muito mal, em especial a indústria.
Os números finais do segmento em 2013 já foram conhecidos, com alta de apenas 1,2% no ano, insuficiente para compensar sequer metade da queda registrada em 2012 (2,5%).
O parque industrial brasileiro segue, portanto, enferrujando.
O comércio também perdeu vigor.
Também na semana passada, o IBGE informou que o setor cresceu 4,3% em 2013.
Parece bom?
Não foi.
Trata-se do pior desempenho em dez anos.
Na comparação com 2012, o ritmo de alta da atividade comercial – que funcionou como motor importante da economia nos últimos anos – caiu praticamente à metade.
Se o fim de 2013 não foi nem um pouco alvissareiro, as perspectivas para os meses vindouros têm se mostrado menos ainda.
Alguns fatores – internos e externos – colaboram para isso.
Aqui, temos a seca e a onda de calor, que afetaram a produção agrícola, encareceram a energia e levaram fábricas a parar de produzir para lucrar com a venda de eletricidade.
Lá fora, há a debacle da Argentina, país para onde se dirige 8% das nossas exportações.
Há quem estime que as vendas brasileiras para o vizinho cairão cerca de 20% neste ano em função das dificuldades econômicas crescentes do lado de lá da fronteira, afetando ainda mais nossa já combalida balança comercial.
Além disso, há o desfecho imprevisível do enxugamento monetário americano, que tende a detonar uma fuga de capitais dos mercados emergentes – um dos quais, o Brasil, foi classificado pelo Fed, o banco central dos EUA, como o segundo mais frágil do mundo.
Tem ainda as dúvidas sobre o ritmo de expansão chinês.
Tudo considerado, as previsões para o crescimento da economia brasileira vão murchando a cada dia.
Depois da divulgação do IBC-Br, dos resultados finais da indústria e do comércio em 2013 e das estimativas sobre os efeitos do calor na economia, a maior parte dos prognósticos aponta para uma alta de apenas 1,5% em 2014.
Há quem fale em expansão de apenas 1%, segundo a edição de hoje d’O Globo.
Se isso a maior parte dos prognósticos se confirmar, e considerando que o PIB tenha tido alta de 2,5% no ano passado, Dilma Rousseff terá produzido crescimento médio abaixo de 2% ao longo de seu mandato.
Entre todos os presidente da República, apenas Floriano Peixoto e Fernando Collor de Mello conseguiram algo tão ruim – e ambos em condições particularmente bem mais desfavoráveis.
Mas o Brasil não vai mal apenas em comparação consigo mesmo.
Vai pior ainda quando cotejado a economias com características similares à nossa.
Estamos sempre na rabeira dos rankings, perdendo até para países cujos mercados são bem menos expressivos que o brasileiro.
Assim tem sido desde o início da gestão Dilma.
Em 2011, em toda a América Latina, o Brasil só cresceu mais que El Salvador.
Em 2012, superou apenas o Paraguai.
Em 2013, só se saiu melhor que El Salvador, México e Venezuela, conforme estimativas da Cepal.
Em 2014, a previsão – também da Cepal – é de que o Brasil só cresça mais que a Venezuela.
Resta claro que a presidente Dilma Rousseff não merece críticas apenas pelos resultados recentes produzidos pela nefasta condução que ela e sua equipe fazem da nossa economia.
Em todo o seu mandato, o desempenho é sofrível.
Visto desta maneira, o conjunto da obra é digno de imediata reprovação, antes que continuemos a cair e passemos a ser os lanternas do crescimento no continente.
*O ITV (Instituto Teotônio Vilela) é um órgão de estudo, análise e formação políticas do PSDB