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“O humor da Dilma”, por Alberto Goldman

* Artigo de Alberto Goldman vice-presidente do PSDB

A gente pode concluir sobre a situação do país de duas maneiras: uma delas é avaliando os índices que são divulgados pelas instituições que acompanham a sua evolução econômica; a outra é observando as reações e o humor dos dirigentes políticos. Essa última é, via de regra, mais elucidativa da real situação que as interpretações mais diversas dos especialistas.

Não me refiro ao nosso chefe da equipe econômica, o ministro Guido Mântega. Esse já perdeu a credibilidade, mas sempre se mostra otimista. Todo início de ano começa com a previsão de elevado crescimento econômico, baixo índice de inflação, cumprimento das mais diversas metas, e termina o ano com a justificativa de que as sua previsões não foram confirmadas por problemas que estão sempre fora de sua esfera de atuação, como o quadro internacional adverso, a incompreensão dos investidores, a seca no país, etc… etc… etc… Mas tudo isso não o abala. Novo ano começa e ele renova suas previsões otimistas. Já nos acostumamos e não levamos mais em conta.

O que identifica o quadro econômico real é o humor da presidente Dilma. Não consegue disfarçar. Perde as estribeiras, dá patada a torto e a direito, como recentemente fez com o Fernando Henrique Cardoso que havia sido adulado no começo de seu governo e agora passou a ser o demônio responsável pelo insucesso de sua gestão, ainda que ele já não tivesse, há mais de 10 anos, qualquer responsabilidade na direção do país. Ela esqueceu que não é a sucessora de FHC, mas sim do Lula, de quem foi ministro corresponsável pelos setores mais importantes da administração federal.

Afinal o mau humor não é para menos. Só vem notícia ruim. O índice de produção da economia, “per capita”, é negativo. Isto é cada brasileiro produziu em 2012 menos que em 2011. Crescimento menor que a média mundial, menor que o dos outros países emergentes, menor que os países da América Latina. A inflação, especialmente dos mais pobres, cresce e engole os ganhos salariais. A criação de empregos em janeiro é a menor dos últimos anos no mesmo mês. A produção, que em janeiro dava sinais positivos, em fevereiro já arrefeceu. As exportações vem caído e as importações crescendo provocando déficit na balança comercial. Os investimentos não mostram reagir aos estímulos governamentais. Na ampliação de nossa infra estrutura, os investimentos não acontecem. O governo gira o mundo e tenta atrair os capitais privados que se recusam a responder positivamente, o que tem levado o governo ao desespero de oferecer incentivos subsidiados através do BNDES e de “antecipar”, tudo com dinheiro público, aos concessionários, receitas que só virão daqui a alguns anos – se vierem. A Petrobrás em crise, com queda de seus lucros e investimentos insuficientes, produz menos a cada ano. Até a tão elogiada queda das tarifas de energia elétrica está ameaçada pela necessidade de manter em funcionamento as centrais térmicas que usam combustível caro que vai onerar, logo mais adiante, as tarifas que acabaram de ser diminuídas. Enfim, notícia boa, é exceção.

Além de tudo isso, vêm os problemas políticos, com os partidos de apoio de seu governo cada vez mais reivindicando ministérios e postos importantes. Tanto o seu partido como os aliados. São insaciáveis. Já são quase 40 ministérios, ineficazes, descoordenados, batendo cabeça. E não basta!

Seu humor não poderia ser melhor.

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