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“O nervo mais exposto da crise”, análise do ITV

Desemprego continuou aumentando em fevereiro. Medidas estruturantes como a terceirização e a reforma trabalhista podem colaborar para reverter a tendência

 

Foram ruins os resultados do mercado de trabalho no trimestre terminado em fevereiro. O desemprego voltou a bater recorde, o número de brasileiros sem emprego é o maior já visto na história e os rendimentos dos trabalhadores, corroídos pela desastrosa política econômica petista, ainda não começaram a se recuperar. Só a retomada do crescimento, com a aprovação de reformas estruturais, voltará a impulsionar a geração de empregos no país.

Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE nesta manhã, a taxa de desocupação subiu a 13,2% no trimestre encerrado em fevereiro. Isso significa que 13,5 milhões de pessoas estão desempregadas no país, alta de 30,6% em relação a um ano atrás. As previsões são de que o movimento de piora não cessará antes do fim deste semestre, para só então o desemprego estabilizar-se e mais adiante começar a ceder.

Uma das razões para a alta das taxas de desocupação neste momento é o chamado efeito alento. Em fevereiro, pela primeira vez depois de 22 meses, o país voltou a gerar vagas com carteira assinada: foram quase 36 mil, de acordo com o Caged. Com as primeiras notícias positivas sobre o mercado de trabalho, mais pessoas se aninam a procurar emprego e acabam inflando as estatísticas, já que o número de desocupados sobe sem que as ocupações reajam na mesma proporção.

O desemprego é o nervo mais exposto e doloroso da maior crise econômica já vivida pelo Brasil. É o custo mais alto de anos de irresponsabilidade, de políticas mal concebidas, de descaso com o dinheiro público, de aversão ao investimento privado e de contestações cotidianas do governo petista às mais elementares regras da economia e da aritmética.

Será ainda longa e árdua a trajetória até que o país reencontre o caminho da geração de empregos. Historicamente, o mercado de trabalho é um dos últimos aspectos a reagir às crises econômicas. Novas vagas só são abertas depois que as empresas já tiverem retomado a confiança na recuperação da atividade e religado seus motores.

Além do fim da recessão, medidas legais poderão ajudar a destravar o mercado. É o caso das novas regras para terceirização de mão de obra, aprovadas no Congresso sob forte oposição dos sindicatos – aqueles mesmos que só se preocupam em defender quem tem estabilidade no emprego e carteira assinada, mas se lixam para os milhões que não encontram trabalho, atuam como informais ou apelam para negócios próprios. É um alento, mas não é panaceia.

Mudanças ainda mais significativas podem surgir da reforma trabalhista em tramitação na Câmara, a começar pelo dispositivo que fortalece a negociação entre empregados e empregadores. O tempo passou e o mundo do trabalho mudou. Para que o país se torne mais produtivo e gere bons empregos, é preciso romper amarras quase imutáveis da legislação trabalhista brasileira, uma senhora de quase 80 anos de idade.

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