PSDB – PE

“O precioso dinheiro público devia ser distribuído melhor”

* Entrevista com Armínio Fraga para o Estado de S. Paulo de domingo (17)

Arminio-Fraga-Foto-DivugacaoArminio Fraga, sócio-fundador da gestora de recursos Gávea e ex-presidente do Banco Central durante o governo FHC, criticou de forma dura e detalhada o modelo econômico da presidente Dilma Rousseff. Simpatizante do PSDB, ele vem conversando com Aécio Neves, apontado como provável candidato tucano nas eleições presidenciais de 2014. A seguir, a entrevista para o Estado:

Como o sr. vê a queda do investimento em 2012?

É um quadro frustrante. A taxa de investimento, que já era baixa, caiu, e o crescimento (do PIB) foi abaixo de 1%. Ao mesmo tempo, temos um mercado de trabalho bem aquecido. Um quadro que claramente aponta para problemas na área de oferta. É particularmente preocupante quando se leva em conta que o BNDES cresceu muito o seu ativo, e no entanto o investimento agregado caiu.

Por que a expansão do BNDES não aumentou o investimento?

Algum aumento deveria acontecer, sim. O caso é que uma quantidade desses recursos, difícil de quantificar, pode estar substituindo outras fontes de financiamento de projetos que, eventualmente, teriam ocorrido de qualquer maneira. É um sinal de que tem alguma coisa errada. As condições para o investimento não estão dadas. Há problemas em infraestrutura, mão de obra qualificada, estrutura tributária, burocracia, qualidade da regulação.

O que está por trás disso?

Houve uma mudança importante, uma guinada, a partir do segundo mandato do presidente Lula, para este modelo mais centralizado. É um quadro em que falta investimento, produtividade e educação, que vem lentamente melhorando. Mas a carência hoje de profissionais qualificados é enorme, em todos os níveis: tanto PhD quanto o trabalhador de obra mais especializado. Temo que estejamos vendo o desenrolar de um modelo que conhecemos, porque vivemos isso, na década de 70. Mas que talvez não seja o melhor modelo para sairmos de 20% da renda per capita dos países ricos para 100%, o que deveria ser a nossa meta. Não vejo um modelo hoje capaz de nos dar um crescimento de 5% a 6%, que um país tão distante da fronteira global deveria ter.

O sr. poderia detalhar a crítica?

Estamos seguindo um modelo com ênfase enorme do Estado como tomador de risco e até como produtor. Uma visão de que o Brasil não precisa estar tão integrado à economia mundial. Há sinais claros de protecionismo espalhados em toda a parte, subsídios, barreiras à importação, etc; e pouca ênfase, portanto, a temas maiores ligados à produtividade. Há também uma crise de infraestrutura. Estamos buscando respostas, mas ainda longe de resolver.

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