José Aníbal Peres de Pontes (*)
O PSDB terá candidato próprio à Presidência da República em 2002. Qualquer outra hipótese não tem nenhuma procedência. Quando o presidente Fernando Henrique admite o nome de alguém de outro partido da base de governo como cabeça da chapa de situação, o faz porque não poderia dizer outra coisa ao falar como chefe de Estado, presidindo uma coligação de partidos. Mas, como presidente do PSDB, é minha responsabilidade afirmar que o partido terá seu candidato.
Talvez não seja possível que a atual aliança governista dispute o primeiro turno unida, mas trabalho por isso, para manter a coligação que tem por centro o PSDB e inclui PMDB, PFL e outras forças. Essa união tem permitido grandes avanços na reforma do Estado brasileiro, um desafio que continua aberto e envolve questões com o projeto da CLT, a regulamentação do direito de greve no setor público, a reforma tributária e a conclusão da reforma previdenciária.
O Estado brasileiro, como é hoje, produz exclusão. É preciso mudar mais para produzir inclusão. Não basta dizer: ¢¢Quero mais Justiça¢¢. Necessitamos criar os mecanismos para isso, algo que não depende só da vontade do governante. A rede de proteção social que o governo FH criou já atende milhões de brasileiros. Precisamos, contudo, consolidá-la e ampliá-la. Por isso defendo a necessidade da manutenção dessas forças políticas no poder. O PSDB nasceu como o partido das reformas com democracia e estabilidade. De todas as forças políticas, é o que melhor encarna esse programa. Por isso insisto: o PSDB terá candidato.
O fato de que os nossos pré-candidatos não estejam muito bem posicionados nas pesquisas, não nos preocupa. Isso ocorre porque, na realidade, o PSDB não tem ainda candidato. São candidatos presumíveis desenvolvendo outras atividades: o Tasso governando o Ceará e o Serra, no Ministério da Saúde. O PFL fez com a Roseana um bom trabalho, mas quem tem de se preocupar com ela são os concorrentes de oposição. O Lula tem 30% dos votos há 12 anos. Em alguns momentos sobe um pouco, mas depois cai. Não conseguiu produzir nada de novo. O espaço para os aventureiros na eleição do ano que vem tende a zero. Há espaço para novidade, claro. A Roseana está trabalhando nesse sentido. Os outros três candidatos, Ciro, Itamar e Garotinho patinam sobre a inconsistência das próprias manifestações. A Roseana chegou e ultrapassou os três. Quem disse que o nosso candidato não vai conseguir um resultado melhor ainda?
O presidente Fernando Henrique tem pessoalmente, como liderança, 20% dos votos. São votos que ele transfere para o candidato do Partido. Ele vai estar no palanque, não a toda hora, mas sempre que necessário, nos momentos importantes. Além disso, o PSDB está estruturado nacionalmente, não tem do que se envergonhar, só precisa falar mais, se colocar mais e, no momento certo, apresentar seu candidato. Isso deve ocorrer depois do Carnaval, na segunda semana de fevereiro, provavelmente em março. Não há pressa. O presidente está administrando e o governo está melhorando.
Já temos um critério básico para escolher quem será o nosso candidato. Será aquele que agregar mais o Partido, os aliados e a sociedade. Em dezembro, vou começar a conversar com os pré-candidatos e os principais líderes tucanos sobre qual será o procedimento. O PSDB vai entrar e sair desse processo unido. Isso está muito claro. A idéia de realizar uma prévia, portanto, está praticamente descartada porque é um mecanismo sem tradição nem regulamentação no Brasil.
O governo e o PSDB chegaram a maio em dificuldades: Havia a crise de energia, o ataque especulativo contra o real, o início da crise Argentina sem que se soubesse o seu impacto sobre a economia brasileira, a recessão americana e a CPI dita ¥da corrupção¥. A oposição imaginou que estava criado o ambiente de final de governo. Daí a agressividade com que se portou. Hoje a situação mudou substancialmente. Ao longo dos meses, construímos e consolidamos palanques para a eleição de 2002 que nos deixam numa situação melhor do que em 1998. Temos chances de chegar aos governo de 13 Estados, inclusive em Minas Gerais.
Hoje, o desafio é construir nossa candidatura à Presidência. Não estamos em clima de final de governo. Isso só diz quem tem ansiedade para definir candidato. Não tenho essa ansiedade. Quem tem de tê-la é a oposição. Observe o último Ibope. O Ciro Gomes, o Itamar Franco, o Anthony Garotinho, todos têm menos votos do que tinham. E o Lula, como falei, não sai dos 30%. Ou seja: o PSDB terá candidato próprio, um candidato forte, para ganhar. Será o próximo presidente.
(*) Deputado Federal por São Paulo. Presidente nacional do PSDB