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“O Senado dos novos tempos”, por Tasso Jereissati

Historicamente, o Senado Federal tem exercido um papel de equilíbrio e, sobretudo, de superação de crises e conflitos. No Brasil de hoje, tais atributos são artigos de primeira necessidade. Vivemos tempos de profundas mudanças, que trazem para o palco novas vozes e demandas.

Entre nós, majoritariamente, há um sentimento de esperança, apesar dos problemas que persistem. A economia dá sinais positivos e a política sofreu profunda renovação, em seus nomes. Agora, é hora de renovarmos as práticas, sob pena de – mais uma vez – perdermos uma oportunidade histórica.

O cidadão manifestou repúdio à velha política – corrupção, fisiologismo e toma-lá-dá-cá nas relações entre os poderes. Aos eleitos, cabe fazerem valer esse manifesto, de construir o novo a partir de novas bases. Aos senadores que ficam, cabe entenderem a necessidade da mudança.

Há de se reconhecer, porém, que em um país dividido, como se mostrou o Brasil antes e após as eleições, mudanças devem ser conduzidas com serenidade. Se as paixões permanecem na sociedade, ao Senado compete, como instância moderadora, promover o equilíbrio entre os poderes e instituições. Frente aos conflitos de interesses e diferentes visões de mundo em disputa, devemos estar a serviço da conciliação e buscar a convergência em torno dos interesses maiores da nação.

Se há algo indiscutível, é a imprescindibilidade das reformas, sem as quais todo o País sofrerá consequências danosas. A urgente reforma da previdência, se ainda não é consensual no formato, avançou na conscientização da insustentabilidade dos atuais regimes. Outras medidas importantes, como a reforma tributária e da segurança pública, devem também ter prioridade. Mais uma vez, o Senado deverá assumir seu papel na solução de conflitos, encontrando soluções tecnicamente viáveis e socialmente justas.

Nas relações com os poderes, o Senado deve ser altivo e independente, mas jamais um retro-alimentador de crises. Um guardião intransigente dos mais caros valores da nação: a democracia, os direitos humanos, a livre iniciativa e o valor social do trabalho, como dita a Constituição.

A história do Senado lhe impõe autoridade e cobra sabedoria. Que compreendamos a grandeza de nossa missão, que possamos usar de tais atributos para ajudar a construir, em novas bases, o Brasil que todos nós, há tanto tempo, almejamos.

Tasso Jereissati é senador e ex-governador do Estado do Ceará. Artigo publicado originalmente na edição de 04 de janeiro de 2019 do jornal O POVO

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