Brasília – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, arquivou, no prazo de 13 meses, 82 inquéritos sobre denúncias que envolvem parlamentares, ministros e ex-ministros de estado. “Temos um ‘super-engavetador-geral da República’”, disparou o secretário-geral do PSDB, deputado federal Mendes Thame (SP).
O levantamento sobre os arquivamentos recomendados por Janot foi feito pelo jornal Folha de S. Paulo. Em 62 episódios, o procurador concluiu que não havia provas suficientes para avançar nas investigações e, em outros 16, identificou que as penas possíveis para as denúncias em questão já estariam prescritas. Janot está no cargo desde setembro de 2013.
“Defino essa situação como um atentado ao combate à corrupção. Além disso, é um cenário que deixa clara mais uma contradição do governo Dilma. Afinal, ao longo da campanha ela disse que o governo dela investiga e apura as denúncias, quando na prática estamos vendo o perfeito oposto. É lamentável”, declarou Thame.
O procurador-geral é o responsável pelas principais decisões nas investigações que envolvem autoridades que dispõem de foro privilegiado, como os deputados federais, ministros e senadores. Janot, de acordo com a Folha, estaria se recusando a compartilhar com o Congresso informações da delação premiada dos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras. “Na prática, Janot tem o poder de ‘absolver’ os citados em investigações com foro privilegiado, incluindo Dilma”, diz o texto da Folha.
Histórico – Janot assumiu o cargo em substituição a Roberto Gurgel, que estava à frente da Procuradoria-Geral da República à época do julgamento dos acusados pelo mensalão. Por conta de sua postura implacável neste julgamento, Gurgel foi alvo de duros ataques de líderes petistas.