Quem ganhou ou perdeu o ano de 2013 na política? Depois que o governador Eduardo Campos colocou o tema na rua, dizendo que ia ajudar a presidente Dilma a ganhar 2013 e acabou abandonando-a antes do Natal chegar, o PSB e o PT ainda não fizeram a prova dos nove para por fim a essa contenda. Muito menos o povo brasileiro que, distante da eleição, não se ligou no processo eleitoral. Discutir candidatura e voto hoje é algo que só tem empolgado a própria classe política.
Uma coisa, porém, parece certa. O ano foi perdido mesmo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e o vexame monumental que produziu, ao vivo e a cores, ocupando o horário nobre da televisão para fazer um balanço dos trabalhos dos senadores, falando de ética, transparência e compromisso com a população, dois dias depois de usar um jatinho da FAB, pago com recursos públicos, para viajar a Recife e implantar 10 mil fios em sua cabeleira rala.
Certamente que o presidente do Senado, ainda com cabeleira antiga na TV, ocupando horário nobre, teria dado um novo enfoque ao discurso ou até desistido dele – quem sabe – caso soubesse que ia aparecer com cara de palhaço, estragando o clima natalino dos brasileiros. Mas a gravação já tinha sido feita, não havia como providenciar outra com as madeixas novas, o horário já tinha sido requisitado e o jeito foi levar ao ar assim mesmo.
A sensação que Renan deixou foi a do deboche, o que é péssimo no ano em que o povo ocupou as ruas para exigir um basta aos grandes gastos nos estádios da Copa e exigir que os serviços públicos brasileiros, abaixo da linha de pobreza se comparado aos dos países desenvolvidos, passassem a ter, como nos estádios, um “padrão Fifa” de qualidade.
Primeiro o Congresso não fez mais do que a sua obrigação em 2013. Poderia ter sido pior, evidentemente, mas não há motivo para comemoração. Em segundo lugar, Renan já tinha, há poucos meses, sido flagrado usando jatinho da FAB para ir ao casamento da filha de um amigo na Bahia. Descoberto o mal feito, jurou devolver – e devolveu- aos cofres públicos o custo da viagem e prometeu não mais cair em tentação.
Caiu e feio, como ficou provado. Da mesma forma, desculpou-se e disse que iria devolver novamente os recursos gastos de forma indevida. Ora, ser surpreendido a primeira vez ainda dá para compreender mas a segunda demonstra que Renan está pouco se lixando para a população, o que é ruim para todos nós e envergonha ainda mais a classe política que ele representa na casa legislativa mais importante do país.
Se Renan teve e tem dinheiro para devolver aos cofres públicos o custo de suas rocambolescas viagens significa que poderia, do próprio bolso, ter alugado um jatinho para ir à Bahia e a Pernambuco. Preferiu, porém, debochar mesmo o que, em um país mais sério, já poderia ter lhe custado um impeachment.
Para nós pernambucanos restou outro mal feito de Renan. Sua assessoria, surpreendida com a notícia de que o chefe mais uma vez usara um jatinho da FAB, apressou-se a culpar, em notinhas em off na imprensa, uma das maiores expressões da medicina pernambucana, o médico Fernando Basto que, segundo a assessoria, como registrou a imprensa, teria deixado vazar a informação da presença do cliente famoso entre nós.
Conversa prá boi dormir, como sabem todos que conhecem a seriedade e ética do cirurgião Fernando Basto, cuja fama já ganhou o mundo como uma das maiores autoridades em implante de cabelo da atualidade.
Já passaram pelas mãos dele cabeças coroadas do show business, da política e da TV sem que ninguém saiba. A não ser se eles próprios divulgarem, como fez, na época, por exemplo, o ex-ministro José Dirceu. Até hoje se diz que Roberto Carlos teria sido operado por ele mas nunca se ouviu do cirurgião nada a respeito. Por que iria falar em Renan Calheiros que deve ter dito a muitos amigos e colegas que iria fazer esta cirurgia e eles próprios deram com a língua nos dentes? Pelo menos por mais este vexame Renan poderia ter nos poupado.
Artigo assinado pela deputada estadual e presidente do ITV-PE, Terezinha Nunes, publicado no Blog de Jamildo
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Feliz Ano Novo!