O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, afirmou em delação premiada que a empreiteira mantinha uma espécia de conta no nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de fazer com que o petista continuasse influente no cenário político depois que saísse da Presidência da República, em 2010.
As informações são do jornal Folha de S. Paulo desta sexta-feira (23).
Segundo Odebrecht, a conta era financiada pelo Setor de Operações Estruturadas da empresa e gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci, preso desde setembro. O montante seria utilizado para o pagamento de propinas e caixa 2.
O ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, é apontado como um dos encarregados de transportar o dinheiro em espécie que abastecia a conta.
Batizada de “amigo”, mesmo apelido usado pelos funcionários da empresa para se referirem a Lula, a conta foi usada para financiar projetos como a compra de um terreno em São Paulo que deveria abrigar a sede do Instituto Lula.
De acordo com os procuradores, parte das propinas pagas pela empreiteira em contratos da Petrobras teriam servido para a compra do local.
Delatores afirmam também que outro meio de consolidar a influência política de Lula foi pelo financiamento de campanhas de líderes de esquerda da América Latina, em regiões onde havia atuação da Odebrecht.
No documento que fala sobre o Instituto Lula, também foram encontrados os dizeres “Evento El Salvador via Feira”, vinculado ao valor de R$ 5,3 milhões. Segundo delatores, o dinheiro foi pago ao marqueteiro João Santana, que comandou a comunicação da campanha que elegeu Maurício Funes como presidente em El Salvador no ano de 2009. A liberação do valor teria sido autorizada pelo ex-presidente.