O doleiro Alberto Youssef, um dos operadores do esquema de propina na Petrobras, afirmou à Polícia Federal que repassou R$ 800 mil ao PT e que o ex-presidente do partido, José Dirceu, tinha conhecimento do processo.
Ele fez as declarações em 10 de outubro, dentro do programa de delação premiada do qual faz parte. As informações se tornaram públicas nesta quinta-feira (12), por decisão do juiz Sérgio Moro, que conduz o caso.
Youssef relatou que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, recebeu os R$ 800 mil. O dinheiro foi pago como uma ‘comissão’ feita pela empresa Toshiba por um contrato fechado com a Petrobras em 2009. A obra, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), foi orçada em R$ 117 milhões. O Partido Progressista também seria beneficiário do esquema, de acordo com o doleiro.
“O presidente da Toshiba no Brasil, que ficava em São Paulo, o também o diretor comercial, de nome Piva, trataram diretamente com o declarante [Youssef] de que iriam dar 1% do valor da obra para o PP e 1% para o PT. (…) O valor do PT foi negociado com João Vaccari [Neto], que na época era quem representava o PT nos recebimentos oriundos dos contratos com a Petrobras”, diz o relatório com o depoimento de Youssef, divulgado pela Folha de S. Paulo.
O doleiro relacionou ainda José Dirceu com o consultor Júlio Camargo, outro pivô da Lava Jato, e que também assinou acordo de delação premiada.
O petista é citado como sendo um dos receptores da verba que Camargo enviava ao exterior e que era trazida pelo Brasil por Youssef. Na planilha da contabilidade do doleiro, José Dirceu era discriminado com o codinome ‘Bob’.
“O dinheiro entregue pelo declarante em São Paulo servia para pagamento da [empreiteira] Camargo Corrêa e da Mitsue Toyo ao PT, sendo que as pessoas indicadas para efetivar os recebimentos à época eram João Vaccari e José Dirceu”, disse o doleiro, em depoimento à PF, divulgado pela Folha.