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“Oremos”, por Eliane Cantanhêde, colunista do Estado de S. Paulo

O governo Dilma Rousseff aboliu do dicionário da República os termos “apagão” e “racionamento”, mas vamos aos fatos: com o consumo de energia batendo recorde atrás de recorde e os níveis dos reservatórios em baixa, no fundo do poço, a conta não fecha.

Algo precisa ser feito. Ou, ao menos, dito. Atarantado, o governo não diz coisa com coisa. Quando dez Estados e o Distrito Federal ficaram às escuras, foi reunião daqui, entrevista dali, e nada de uma explicação confiável e deanúncio de providências sérias.

Político, o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, botou vagamente a culpa numa tal “falha técnica ou humana” e saiu-se com essa, que já entra para os anais do reinício do mandato Dilma: Deus é brasileiro, vai dar um jeito demandar frio e chuvas e salvar a Pátria.

Técnico, o diretor geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chip, foi mais realista: com esse calorão, dispara o uso dear-condicionado, ventilador, chuveiro e máquina de lavar e houve um pico de consumo que o sistema não suportaria.

E, já que não suportaria, teve de ser desligado preventivamente. O político nega e o técnico confirma que a geração não está dando conta do recado e o resultado é que houve um apagão para evitar um risco de apagão (?!). O que nenhum dos dois disse, mas ocorria naquele mesmo dia, é que o gigante Brasil foi bater na porta da encalacrada Argentina, de pires na mão, para pedir um pouco de energia emprestada.

* Íntegra da coluna de Eliana Cantanhêde no Estado de S. Paulo desta sexta-feira (23)

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