Recife (PE) – Não é uma decisão para comemorar porque revela o descumprimento do papel da Câmara dos Deputados no processo de cassação do mandato de seu presidente, Eduardo Cunha (PMDB), que já se arrasta no Conselho de Ética da Casa há seis meses.
Mas para o deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE), a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender Cunha do exercício do mandato parlamentar e da Presidência revela o funcionamento pleno das instituições brasileiras e coloca a Câmara na “berlinda” para, a partir de agora, avançar na resolução definitiva do caso Cunha.
“É um avanço, mas não é motivo para comemoração porque se a justiça teve que afastá-lo é porque a Câmara não cumpriu o seu papel. Quem deveria ter afastado Eduardo Cunha era a Casa. Chegamos a uma posição extrema onde a justiça afasta o presidente de um outro poder”, criticou o tucano.
Por outro lado, avaliou Daniel, a decisão prova que a justiça está fazendo seu papel, assim como o Ministério Público, a Operação Lava Jato e a Polícia Federal que, segundo ele, vem fazendo um excelente trabalho investigativo.
“As instituições estão funcionando. Isso é para celebrar. Se o Parlamento está falhando com a sociedade brasileira, nós temos outras instituições avançando. O Brasil precisa ser passado a limpo. Precisamos proteger a Lava Jato porque ela, sim, tem esclarecido muitos casos. O afastamento de Cunha foi importante, é um primeiro passo, mas a Câmara agora está na berlinda. Precisamos votar sua cassação. Imagine se ele é afastado pela justiça e voltar porque a gente não concluiu o processo?”, provocou.
O presidente do PSDB de Pernambuco, deputado estadual Antônio Moraes, é mais duro com o Legislativo pelo fato de uma questão ‘interna corporis’ ter sido resolvida por um outro poder. “O afastamento de Cunha foi bom, mas é uma desmoralização do Poder Legislativo que perdeu a capacidade de resolver seus problemas. Uma vergonha”, criticou.
Já a presidente do PSDB Mulher-PE, Terezinha Nunes, “a forma como Cunha está sendo julgado demonstra que o STF não vai deixar de enquadrar nenhum culpado, inclusive o ex-presidente Lula e a presidente Dilma”.