Deputados do PSDB destacaram nesta quarta-feira (18) que, diferentemente do diagnóstico propagado pelo PT, a insatisfação com o governo Dilma não está presente somente nos que não votaram nela em 2014. Após as manifestações do domingo (15) já terem demonstrado a ampla irritação da população com a petista, pesquisa Datafolha confirma que a rejeição à petista não tem classe social ou região demográfica específica. A reprovação é geral: 86% dos brasileiros classificam sua gestão como ruim, péssima ou regular. É a mais alta taxa de desaprovação de um presidente da República desde a véspera do impeachment de Collor, em setembro de 1992.
Cartão vermelho generalizado – Fora os próprios petistas, todos os demais segmentos socioeconômicos, políticos e demográficos já demonstram reprovar, em sua maioria, o desempenho da presidente. Mesmo entre os principais beneficiados pelas políticas sociais do governo, a rejeição disparou. Pela primeira vez, a maioria dos que têm menor renda e menor escolaridade classifica sua gestão como ruim ou péssima. O mesmo ocorre no Norte e no Nordeste, únicas regiões onde Dilma venceu a última eleição com folga.
“Ao contrário do que diz o Palácio do Planalto, a insatisfação da população com o governo federal não é só dos eleitores de Aécio Neves. A reprovação atinge níveis alarmantes enquanto o discurso do governo insiste em tentar negar o fato”, avaliou o deputadoRodrigo de Castro (MG). Após os protestos que levaram mais de 2 milhões de pessoas às ruas no domingo, o ministro da Secretária-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, minimizou a insatisfação do povo brasileiro dizendo que os manifestantes eram “majoritariamente eleitores que não votaram no PT”.
Enquanto o governo continua fingindo não ver que já perdeu boa parte de seus antigos simpatizantes, a aprovação à gestão de Dilma chegou ao fundo poço, atingindo o ponto mais baixo desde o início de seu primeiro mandato. Apenas 13% consideram sua gestão boa ou ótima.
Para o deputado Marco Tebaldi (SC), isso é o resultado do pouco que ela realizou no mandato passado somado às mentiras que disse na última campanha com o que fez depois de reeleita. “Ela prometeu que não ia aumentar impostos e juros, nem reduzir benefícios sociais dos trabalhadores. Mas fez tudo isso”, lembrou.
Na avaliação do tucano, o descontentamento social tende a crescer diante de tanta mentira e corrupção no cerne do governo. “Disseram que era coisa da elite, coisa de burguês. Nada disso: a sociedade está insatisfeita”, avaliou, ao destacar que a presidente “está caminhando para ter o seu impedimento”.
Beco sem saída – O deputado Alexandre Baldy (GO) acredita que a sociedade, em geral, tem todas as razões para estar indignada com a presidente, pois o PT aplicou um golpe eleitoral. Ele ressalta que os compromissos assumidos na campanha foram todos descumpridos e os brasileiros viram ruir a promessa de controle da inflação e dos juros, a manutenção das tarifas de energia e de benefícios trabalhistas. Dilma fez tudo ao contrário e ainda relegou para último plano programas que dizia priorizar, como o Fies, o Pronatec e o Minha Casa Minha Vida.
“A presidente enganou o povo, que agora sente na sua sobrevivência, na dificuldade diária, o golpe que foi aplicado. O povo não está satisfeito por que está sofrendo no bolso e no seu poder de consumo esse golpe colocado em prática pela presidente da República”, criticou.
Na avaliação de Baldy, a incompetência que levou o país à crise colocou Dilma em um verdadeiro beco sem saída. Para ele, a única alternativa para que a petista pudesse ver sua imagem menos desgastada seria retroceder quanto ao arrocho fiscal, priorizar os programas educacionais e sociais e reagir para controlar a inflação. No entanto, o tucano manifestou pessimismo em relação à competência da petista para agir dessa forma.
Na economia, muito pessimismo
60%
acham que a situação do país vai piorar
69%
preveem que o desemprego tende a aumentar
77%
dizem que a inflação vai crescer
* Do PSDB na Câmara