Brasília (DF) – Em mais um ato polêmico, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu nesta quarta-feira (26) proibir a atuação de transgêneros em qualquer função nas Forças Armadas do país. No Twitter, Trump afirmou que consultou generais e especialistas sobre o tema para tomar a decisão. “Nosso exército deve ter como foco a vitória decisiva e esmagadora e não pode ter o peso dos tremendos custos médicos e disruptivos que transgêneros no exército gerariam”, escreveu.
A medida revoga a ordem do ex-presidente Barack Obama, que estava sob análise final e permitiria a entrada de transgêneros em quartéis. Em junho de 2016, o governo anunciou que o exército havia retirado a proibição de recrutamento de transgêneros, com o argumento de que as Forças Armadas devem poder dispor dos soldados mais qualificados, independentemente de sua orientação sexual.
Militante em defesa dos direitos LGBT, o prefeito de Lins (SP), Edgar de Souza (PSDB), criticou a decisão de Trump. Segundo ele, a medida representa um enorme retrocesso na luta pela igualdade.
“Não tem o menor sentido. Ele engatou uma marcha ré violenta nos direitos civis americanos. Está desconstruindo toda a ideia de democracia e voltando ao regime de segregação, dizendo que pessoas em iguais condições não são aptas. É um retrocesso profundo”, lamentou.
O tucano questionou ainda os supostos custos adicionais que, segundo Trump, a entrada de transgêneros geraria ao governo. “O governo não mostrou quais seriam esses custos médicos. De onde ele tira isso? Não tem base científica nenhuma, é movido apenas por puro preconceito”, disse.
Em junho, o secretário americano da Defesa, Jim Mattis, suspendeu por seis meses um plano elaborado durante o governo Obama para aceitar recrutas transgêneros. Calcula-se que entre 2.500 e 7.000 pessoas transgêneros sirvam em diversos setores das Forças Armadas dos Estados Unidos.
Ainda na avaliação do prefeito, a medida de Trump, além de retroceder nos avanços conquistados por Obama, é um contrassenso ao chamado “sonho americano”.
“A maior democracia do mundo, que tinha dado passos importantíssimos no sentido de mostrar que democracia real é aquela que respeita todas as pessoas, independentemente dessas diferenças, agora mostra que as pessoas têm que voltar a serem consideradas de menor importância, a serem segregadas”, completou.