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Pecém: um domínio muito maior do que o imaginado!

De tanto ouvir controversas opiniões sobre o Porto do Pecém decidir ir até a orla poente e olhar com os meus olhos a grande obra que o governador Tasso Jereissati decidiu realizar. Sendo profissional do setor dos transportes e tendo participado do projeto, licitação, construção e inauguração efetiva do Complexo Portuário e Industrial de Sepetiba, como diretor da Companhia Docas do Rio de Janeiro, esse encontro permitiu algumas comparações e avaliações sobre o moderno conceito de terminal marítimo, especialmente nesse longo trecho de litoral nordestino, que vai da foz do Potengi (Natal) até Belém, ond são rarefeitas as favorabilidades naturais para ancoradouros em águas profundas e abrigadas.
Não irei enveredar neste momento e neste registro pela interminável e quase sempre problemática discussão ambientalista, que se tem motivos para clamar contra os crimes ecológicos, notadamente em face das macro-devastações na Amazônia, em muitos outros casos exacerba-se em seus critérios de avaliação e de ponderação do que seja a preservação do meio ambiente em detrimento da sobrevivência ou conveniência estrutural da coletividade humana. No caso da implantação do porto do Pecém e das suas áreas industriais ciliares ao terminal, as críticas que tenho escutado são pouco substantivas. Dá-me a impressão de muxoxo de ciúme mal resolvido em face da realidade surpreendentemente bem acomodada da natureza e das obras que se sucedem, associadas à leituras otimistas que personalidades inquestionavelmente competentes fazem sobre os seus efeitos na economia do estado e da região. O conjunto de obras e instalações que visitei na aprazível região de São José do Amarente certamente longe de críticas poderia ser referenciado como modelo de salvaguardas e de assimilação das peculiaridades ambientais à interface do litoral dunoso e concordante com o território de transição do agreste e os seus carnaubais de alagados. Não consigo, como atento defensor da natureza e seu estudioso, na qualidade de geólogo, encontrar razões sérias e sensatas para atacar o trabalho da Cearáportos, seus planos e programas que lá estão.
O Pecém é, inquestionavelmente, uma obra para o Terceiro Milênio. A potencialidade do Pecém neste século XXI talvez ainda não tenha sido visto na sua escala verdadeira, mas se nos afigura invejável em múltiplos aspectos.
Terminais portuários e aeroportuários são os novos portais fisicamente tangíveis da economia global. A eles estará destinada a tarefa de integrar, manter em atividade permanente os fluxos de bens de capital e de consumo, primários e manufaturados, semi-acabados e ¢¢turn-key¢¢ ao redor do mundo.
Pontos notáveis estão sendo redescobertos e uma nova malha de conexões começa a tomar forma em todos os continentes para acomodar os jumbos do mar e do ar, com tempos mínimos e custos otimizados, numa competição que não ensejará favores ou condescendências, com a improdutividade.
Foi isso que eu senti ao pisar o solo das praias do Pecém e de andar no pier do terminal, sentindo as lufadas fortes do vento nordeste.
O conjunto portuário e industrial do Pecém tem tudo para converter-se no portal principal do Cone Sul, convertendo-se em porto escala das rotas estruturais do golfo do México e da CEE que se destinem ao Oriente Médio e Extremo Oriente e vice-versa.
Essas rotas já estão sendo praticadas pelos grandes ¢¢full-container ships¢¢ de última geração, com capacidades superiores a 6000TEU¢s. Esses leviatãs dos mares, velozes e sofisticados, fogem de portos lentos, congestionados, antigos, burocratizados. Outro ponto importante: esses supernavios dispõem de equipamentos de automação extensiva e precisam tirar o máximo proveito de sua agilidade operacional e velocidade de cruzeiro e a otimização de sua operação passa, necessariamente, pelas interfaces portuárias estrategicamente localizadas, ágeis, modernos e com tarifas amigáveis. Também são considerados como elementos de preferência: potencial visível de áreas de expansão portuária para estocagem sempre crescente de cargas, ambiente portuário e retro-portuário não agressivo e confiabilidade e integridade operacional.
Não deve estar conurbado com o tecido urbano de grandes cidades, mas também não deve estar demasiadamente isolado. Sua estrutura de acesso deve ser moderna e permitir fluxos ¢¢just-in-time¢¢ do terminal para as malhas terrestres de distribuição e destas para o terminal. O Pecém reúne todas estas características.
E, se ainda está recente no mercado, esse aspecto não representa ônus maior para que se transforme em terminal favorito no continente meridional para os armadores internacionais. Em outras palavras: todas as cargas para o Cone Sul Atlântico, procedentes do Oriente, da Comunidade Européia e da América do Norte e outras para essas zonas destinadas poderão encontrar um terminal de consolidação privilegiado e um ¢¢buffer¢¢ para fluxos que eventualmente sinalizem congestionamentos circunstanciais nos destinos. Os seus planos de expansão não são excludentes ou vinculados a propostas limitativas. Novos processos e novas tecnologias podem se acomodar no terminal com razoável facilidade, criando berços dedicados e especializados.
O futuro dirá, e com propriedade, que a Cearáportos construiu um novo ¢¢trampolim da vitória¢¢, a noroeste de Parnamirim e com características e projeções que o tornam à prova de desobediência. É preciso olhar pra frente e para o alto quando se imagina o futuro com otimismo consistente. O governbador Tasso deu mais um passo acertado em busca dele. Tal como no passado Virgílio Távora teimou em ligar a energia de Paulo Afonso, ao arrepio dos pareceres técnicos da Chesf, essa nova arremetida do Ceará é prova cabal de que o estado está emancipado para viver o século XXI com sintonia fina na economia globalizada.

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