A Operação Greenfield, deflagrada na manhã desta segunda-feira (5) pela Polícia Federal (PF), investiga esquemas de corrupção nos quatro maiores fundos de pensão do Brasil: Funcef (fundo de pensão de funcionários da Caixa Federal), Petros (trabalhadores da Petrobras), Previ (funcionários do Banco do Brasil) e Postalis (funcionários dos Correios). O Ministério Público calcula que o rombo provocado pelas fraudes e má gestão chegue a R$ 50 bilhões.
O ex-presidente da construtora OAS, Léo Pinheiro, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, presos pela PF na operação Lava Jato, estão entre os principais investigados. Pinheiro foi alvo de condução coercitiva e Vaccari, de mandado de busca e apreensão.
O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) considerou a ação da PF urgente para investigar “mais esse roubo” do dinheiro do contribuinte e dos trabalhadores lesados. “Tenho projetos em tramitação no Senado que fortalecem e dão a necessária independência para os órgãos fiscalizadores darem um fim, de vez por todas, nessa farra dos fundos de pensão das estatais”, destacou o tucano, em sua página no Facebook.
O projeto a que se refere o senador é a Lei dos Fundos de Pensão, já aprovada no Senado e prestes a ser votada na Câmara. O texto, um substitutivo produzido pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, ao PLS 388/2015, estabelece novas regras para a gestão dos fundos. Entre elas, que os integrantes de diretorias executivas de fundos de pensão tenham experiência comprovada na área, e sejam escolhidos em processo seletivo público, conduzido por empresas especializadas. Também deverão ser incluídos, nos conselhos deliberativo e fiscal das entidades, conselheiros independentes.
O deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP) atribuiu os problemas nos fundos de pensão do Brasil ao aparelhamento político instituído pelo PT durante os últimos 13 anos. “Nós estamos colhendo os frutos da era PT, e quem vem pagando a conta é o povo brasileiro. O aparelhamento das instituições, compostas por camaradas, sem a preocupação de buscar uma administração de qualidade, de excelência, que pudesse ajudar e estimular o desenvolvimento do país acabou resultando nesses desvios gigantescos de dinheiro público”, disse.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) afirmou, também pelas redes sociais, que “o prejuízo [descoberto pela investigação] ficará para os servidores, que já estão pagando mais para garantir o benefício depois que pararem de trabalhar”.
Já o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG) disse no Facebook que os interesses políticos prejudicaram muito os trabalhadores e aposentados das estatais brasileiras. “Que essa operação seja o início de um processo profundo de profissionalização dos fundos e recuperação dos interesses dos trabalhadores”, concluiu.
A ação conta com auxílio do Ministério Público Federal (MPF), a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Estão sendo cumpridos 106 mandados de busca e apreensão, 34 mandados de condução coercitiva e 7 mandados de prisão temporária em 8 estados brasileiros.