Brasília (DF) – A construção do Museu do Trabalhador, projetado para homenagear o movimento sindical brasileiro e, como consequência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está cercada de suspeitas de irregularidades. A obra, bancada com 80% de recursos da União, está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público (MP). Além de estar com o prazo de conclusão estourado há mais de dois anos, a obra deve custar 30% acima do previsto inicialmente.
De acordo com a reportagem do jornal O Globo de domingo (26), com as obras paralisadas há seis meses, o museu, conhecido como “Museu do Lula” e localizado em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, é hoje um esqueleto de concreto em um terreno tomado por mato e entulho, em frente à sede da prefeitura. A entrega do prédio deveria ter ocorrido em janeiro de 2013.
Para o deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP), a construção é “mais um mau exemplo da aplicação do dinheiro público”. “Creio que o Brasil tem grandes necessidades nas áreas de educação, saúde e segurança pública para gastar com essa obra. No momento de crise em que vivemos, é triste que o governo libere mais dinheiro para esse tipo de investimento do que para as verdadeiras demandas da população brasileira”, lamentou.
Segundo a matéria, o Ministério da Cultura estuda liberar mais R$ 3,6 milhões para o museu. Pelo convênio firmado em 2010 pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), amigo de Lula, o prédio receberia R$ 14,4 milhões do governo federal e contaria com mais R$ 3,6 milhões da administração local, com orçamento de R$ 18 milhões. No ano passado, porém, Marinho concluiu que a quantia não era suficiente.
O petista ainda pediu para o ministério R$ 3,6 milhões e se comprometeu a destinar R$ 900 mil oriundos do cofre da cidade. Se o aditivo for aprovado, o custo total do museu chegará a R$ 23,4 milhões, um acréscimo de R$ 5,4 milhões em relação ao valor previsto inicialmente.
O tucano afirmou que o caso das obras no museu em São Bernardo é “lamentável”. “Ficar fazendo apologia partidária com dinheiro público nos parece descabido”, concluiu.