Brasília – O economista Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), avalia que o aumento dos preços dos combustíveis anunciado pelo governo federal nesta semana não representa uma mudança na política para o petróleo do executivo. Como resultado, ele avalia que a Petrobras deve prosseguir em sua trajetória de prejuízos – e a elevação da inflação deve ser uma das principais consequências.
“O governo mudou os preços dos combustíveis apenas por conta da janela de oportunidades que se abriu com a diminuição na tarifa da energia elétrica. Continuaremos com o mesmo modelo de gestão que leva a Petrobras aos seus fracos resultados. São medidas que frustram o mercado. Temos como prova disso a queda do valor das ações na bolsa e o prejuízo em 2012, o qual a companhia deve anunciar nos próximos dias”, declarou Pires.
Para o economista, dois dos principais equívocos cometidos pelo PT na gestão da estatal são o uso político e a definição da companhia como um mecanismo para controle de inflação. Em relação ao primeiro, ele destaca que é pouco provável ocorrer novo reajuste dos combustíveis antes de 2014, um ano eleitoral. “O governo deverá continuar se utilizando da Petrobras para fins eleitoreiros”, comentou.
Sobre a inflação, Pires alerta sobre o perigo para o país que representa a empresa ser utilizada como ferramenta de política monetária. “Inflação se controla com ajuste fiscal, redução dos gastos públicos e outras medidas. Não com decisões sobre os preços de gasolina, energia e transportes públicos. Os Estados Unidos fazem isso? De maneira nenhuma. Ao agir assim, Dilma dá passos similares aos tomados nas décadas passadas, que levaram o Brasil ao cenário de hiperinflação. Se as coisas não se modificarem, precisaremos em breve de um novo Plano Real.”