Computadores travados, salas trancadas, falta de materiais de escritório, lixo nas ruas, hospitais fechados e desinformação sobre a receita e despesas do município
Jumariana Oliveira
Prefeitos de 5.565 municípios brasileiros foram empossados na última terça-feira, mas muitos assumiram a gestão sem o mínimo de informação sobre a administração, e, agora, já encontram dificuldades para lidar com o que nomeiam de “desorganização”. Em Pernambuco, vários gestores tiveram problemas na transição de governo – período onde a gestão que está se encerrando repassa os dados da prefeitura para o novo gestor – e ao chegarem à administração se depararam com situações preocupantes. A Folha de Pernambuco conversou com alguns gestores que admitiram procurar a Justiça para esclarecer os problemas da gestão anterior.
Computadores travados, salas trancadas, falta de materiais de escritório, lixo nas ruas, hospitais fechados e desinformação sobre a receita e despesas do município. Estes foram os principais problemas encontrados por prefeitos que assumiram o Executivo municipal este ano. A posse ocorreu no dia 1º deste mês, e, no dia seguinte, foi dado início aos trabalhos. Ao chegar à sede do Executivo municipal, alguns gestores ficaram chocados com a situação. As dificuldades tiveram início no período de transição, já que alguns ex-prefeitos não passaram as informações solicitadas pelos eleitos.
Um caso que chamou a atenção foi da cidade de Ipojuca. O prefeito eleito Carlos Santana (PSDB) solicitou as informações da gestão logo após as eleições. Porém, o então prefeito Pedro Serafim (PDT) não repassou os dados solicitados pelo tucano até o final da gestão. A falta de informações prejudicou tanto a administração, que, ao assumir, Santana fechou a prefeitura.
Segundo ele, “ficaria difícil estar resolvendo as coisas internamente e atendendo o público”. No entanto, a ex-secretária de Planejamento de Pedro Serafim, Simone Osias, explicou que a equipe sempre esteve disponível. “Recebi pessoas (da equipe de transição de Santana) no meu gabinete e também na procuradoria. Se faltou informação não se deve à sonegação de informação, e sim porque não fomos procurados”, disse.
Outro município em que as dificuldades na transição foram grandes foi Palmares. Apesar de ser vice do ex-prefeito Beto da Usina (PDT), João Bezerra (PSB) alegou que obter informações sobre a gestão não foi tão simples. “Não houve transição em momento algum, mesmo solicitando informações a todo o momento, desde o dia 19 de outubro. Inclusive montamos uma equipe. Notificamos o Tribunal de Contas e o Ministério Público e ninguém se posicionou. Transcorreu o período e só tivemos acesso às informações a partir de ontem (quarta-feira), dia 2”, declarou. João Bezerra foi vice-prefeito de Beto da Usina, mas rompeu com o pedetista em 2011. O PSB também tinha o nome de Enoelino Magalhães, mas indicou João Bezerra para concorrer como candidato da legenda.
No município de Moreno as informações foram repassadas em parte. Segundo o prefeito Adilson Gomes Filho (PSB), conhecido como Dilsinho, os dados fornecidos pelo ex-prefeito Edvard Bernardo (PMDB) não batem com a realidade. “Encontramos muitas diferenças, principalmente na conta bancária”, destacou.
Da Folha de Pernambuco