O treinador da Seleção Brasileira, o ex-jogador Dunga, cometeu uma enorme gafe ao comentar o que viveu na Copa América de 1991, em entrevista concedida em Concepción, no Chile.
O técnico quis fazer uma analogia a forma como era criticado e como os afrodescendentes apanhavam. Confira o que ele disse:
“Nós eramos os ruins com sorte, e os outros eram os bons com azar. Aquela Seleção (de 1991) tinha a cobrança de 40 anos sem ganhar uma Copa América e 24 anos sem Copa do Mundo. Tudo era ruim. Eu até acho que eu sou afrodescendente de tanto que apanhei e gosto de apanhar. Os caras olham pra mim e falam: ‘vamos bater nesse aí’. E começam a me bater, sem noção, sem nada. ‘Não gosto dele’ e começam a me bater”.
Para Juvenal Araújo, Presidente do Tucanafro Brasil, a fala de Dunga envergonha os brasileiros. “Lamentável ter que ouvir uma comparação pífia como essa vindo de um treinador da seleção brasileira, de alguém que ocupa um dos cargos de maior relevância no esporte em todo o mundo. A Seleção Brasileira é um dos maiores times do planeta, tem história, um Patrimônio Cultural, e ver seu comandante fazendo uma declaração racista é algo para envergonhar toda nação”.
Juvenal explica que não aceita que digam que foi apenas um descuido. “Muitos podem dizer que ele foi infeliz na entrevista, mas que me desculpem, esta fala do Dunga reflete uma mentalidade racista. Em que mundo ele vive? Associar negros ao sofrimento? Ou pior, ao gosto pelo sofrimento? O que ele quis dizer com isso? Exigimos agora uma retratação, no mínimo. Chega do problema do racismo continuar no anonimato. É necessário que a opinião pública se engaje mais nessa luta e temos que cobrar do Dunga e da CBF mais atenção ao problema,” relata.
* Da assessoria de Comunicação do Tacanafro nacional