O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou hoje a reação armada israelense aos ataques terroristas palestinos, e voltou a cobrar maior participação da comunidade internacional nas negociações de paz no Oriente Médio. Segundo o presidente, o Brasil repudia o terrorismo, mas condena também a reação ¥desmesurada e irracional¥ das forças israelenses sobre o povo palestino.
Na avaliação de Fernando Henrique, a condição do povo palestino é ¥humilhante¥, e o grande desafio dos líderes no Oriente Médio é vencer o passado e instituir uma coexistência pacífica entre os dois povos, como é o caso das comunidades israelita e árabe no Brasil. ¥Eu diria que essa é a principal tarefa: superar o peso do passado sobre o presente e encontrar a forma e a coragem de construir o futuro, baseado na paz dos bravos. Há situações em que é preciso mais coragem para fazer a paz do que para fazer a guerra¥, enfatizou o presidente.
Fernando Henrique também voltou a defender a criação do Estado Palestino e reiterou a confiança de que é possível a israelenses e palestinos viver próximos, com segurança e tranqüilidade. O presidente citou como exemplo de sucesso o acordo firmado há poucos dias em Angola, que deu fim à guerra civil que durou mais de 27 anos e matou cerca de 500 mil pessoas no país africano.
Na opinião do presidente, assim como os angolanos estão abrindo uma nova página de sua história, é possível que o Oriente Médio alcance a paz e o respeito aos povos da região. ¥O mundo não pode ficar de braços cruzados diante de um problema dessa gravidade. Não se pode construir uma ordem internacional duradoura sem o encaminhamento justo com segurança para todos de conflitos, como os que ainda atingem a Palestina e o Estado de Israel¥, disse o presidente antes de brindar em homenagem ao presidente da Polônia, Aleksander Kwasniewski, que encerra hoje visita de três dias ao Brasil.
O presidente ressaltou que, mesmo o Brasil concedendo prioridade à consolidação do Mercosul, e a Polônia à integração européia, os dois países irão lutar pelo incremento das suas relações comerciais. ¥Os compromissos regionais não impedem a nossa cooperação. Antes, a tornam ainda mais necessária. Isso porque nossas regiões não são ilhas, nem têm a vocação de ser fortalezas inexpugnáveis de proteção comercial. Ao contrário, são mecanismos que combinam o aprofundamento da integração com a abertura aos fluxos econômicos no âmbito global¥, enfatizou.
Em Foz do Iguaçu, os dois presidentes firmaram dois acordos nas áreas zoossanitária e fitossanitária. O primeiro estabelece normas para a fiscalização e a inspeção veterinária de animais, matérias primas, produtos de origem animal e material biológico aptos para exportação, nos dois países. Pelo documento, Brasil e Polônia se comprometem a fornecer boletins com informações sobre vacinação e controle de doenças e a informar aos outros países em caso de surtos e epidemias, como de febre aftosa. Já o acordo fitossanitário tem como objetivo evitar a transmissão de doenças parasitárias e ervas daninhas para outros países, de forma a proteger as plantas e produtos agrícolas do Brasil e da Polônia.
Fernando Henrique e Aleksander Kwasniewski visitaram o mirante das cataratas do Iguaçu e posaram para fotografia oficial no local. Em fevereiro deste ano, o presidente Fernando Henrique Cardoso esteve em Varsóvia, e agora foi a vez de Kwasniewski visitar o Brasil para consolidar as relações comerciais entre os dois países. O Brasil é hoje o maior parceiro comercial da Polônia na América Latina e, só no ano passado, o comércio bilateral movimentou um total de US$ 273,5 milhões As importações ficaram em US$ 105,3 milhões. As vendas para a Polônia estão concentradas em produtos de valor agregado, entre eles aviões a turbojato e peças de veículos automotivos.