Brasília (DF) – O conturbado momento político brasileiro foi um dos assuntos discutidos pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso em entrevista veiculada na madrugada desta quarta-feira (18), no Programa do Jô.
Para o tucano, o grande desafio que o Brasil tem pela frente é recomeçar a andar para frente. Ele destacou que nunca na história do país houve tal retrocesso econômico e social, e cabe agora ao presidente em exercício Michel Temer (PMDB) reverter esse quadro e marcar o seu “papel na história”.
“O problema central do Brasil é recomeçar a andar para frente: nós andamos para trás, nesses últimos dois anos, oito pontos do PIB [Produto Interno Bruto]. Nunca houve isso na nossa história, um retrocesso de tal tamanho. Nós nunca tivemos essa dificuldade que nós temos hoje de acreditar que o Brasil vai engatar de novo no mundo”, afirmou.
O presidente de honra do PSDB rechaçou a comparação entre os processos de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, e da petista Dilma Rousseff. Ele explicou que o momento histórico é outro: enquanto a democracia tinha sido recém-instaurada em 1992, e Collor era o seu primeiro presidente eleito, hoje a democracia está consolidada. “Tão consolidada que as pessoas já nem se assustam quando um juiz manda prender um parlamentar, coisa que no passado seria impensável”, exemplificou.
Fernando Henrique rebateu o discurso reproduzido à exaustão pelo governo petista, de que o impeachment de Dilma seria um “golpe político”. “Inventaram que é um golpe e espalham isso mundo afora. Isso é uma narrativa, uma propaganda, dizer que é golpe para justificar”, considerou.
O ex-presidente destacou que o impeachment é uma prerrogativa prevista na Constituição, que autoriza o afastamento de um governante caso certas normas não sejam seguidas. “Ela [Dilma] não seguiu algumas prescrições da Constituição, na questão do orçamento, na questão das pedaladas fiscais, do uso excessivo do que o governo não dispunha”, apontou.
Para FHC, é difícil que o afastamento da presidente Dilma Rousseff seja revertido, já que a ampla maioria de parlamentares na Câmara e no Senado que votaram pela admissibilidade do processo de impeachment demonstra que a gestão petista perdeu força política e a condição de governar.