Meus amigos e minhas amigas:
Hoje, 7 de Setembro, o Brasil comemora sua Independência.
Para mim, desde menino, o Dia da Pátria foi sempre de festa, orgulho e reflexão.
Hoje, como presidente, quero conversar com vocês sobre os rumos do nosso país, nossos problemas e nossos sonhos.
A construção de um país soberano, justo, respeitador das suas diversidades culturais e raciais e dos direitos de todos – mulheres, jovens, idosos – é nosso objetivo comum.
As decisões que tenho tomado, com serenidade, mesmo as mais difíceis, são fruto de minha preocupação clara com os interesses permanentes do país e não se submetem a nenhuma outra prioridade, senão à que mais importa: o bem-estar das pessoas.
Para explicar melhor isso, quero expor a vocês os motivos de algumas das decisões que tomei nos últimos meses.
Já na campanha eleitoral de 1998, coloquei com franqueza em pronunciamento à nação as dificuldades que enfrentaríamos no meu segundo mandato. Fui claro ao dizer que a situação internacional era de crise. E que os efeitos desta crise nos trariam sérios problemas.
O Brasil sofreu forte ataque às suas reservas cambiais. Foi preciso mudar o câmbio, estancar a saída de divisas e recuperar as condições para seguir em frente. Não foram decisões fáceis. Mas era preciso garantir o Real.
Fizemos também um profundo ajuste nas contas do governo. Este ajuste e a manutenção do equilíbrio fiscal têm permitido manter a inflação dentro de limites aceitáveis, impedindo sua volta. Hoje, podemos afirmar com segurança que as medidas no campo econômico deram certo.
No ano passado, o ano da mudança no câmbio, a inflação ficou pouco abaixo de 9% e, neste ano, ficará próxima de 6%. No ano que vem, será ainda menor. Agora mesmo, diante de aumentos de alguns preços, localizados, mas intensos, o governo tomou todas as providências para impedir uma alta maior. A sociedade não quer a inflação. Isto é bom, demonstra uma preocupação e um reconhecimento do valor da estabilidade. Com o fim da inflação, o Brasil ganhou mais do que uma moeda estável, ganhou um projeto de país. É por isso que este é um compromisso definitivo deste governo. A inflação não voltará.
Uma questão crucial para a retomada do crescimento é a queda das taxas de juros. Hoje, estamos com uma taxa no seu nível mais baixo em muitos e muitos anos. Vão continuar caindo, principalmente o juro na ponta, para as empresas e para os consumidores que compram à prestação. Por isso, estamos produzindo mais, exportando mais e começando a gerar mais empregos.
Outro ponto a que gostaria de me referir é exatamente este: a geração de empregos. É evidente que essa é a nossa preocupação central. Sei que os brasileiros e brasileiras que estão à procura de um trabalho ainda têm um olhar crítico com relação ao governo e que este olhar só mudará na medida em que conseguirmos transformar em realidade nosso compromisso de crescimento, gerando trabalho e uma vida mais digna para todos.
Passamos por períodos difíceis, porém, estamos começando a viver um momento melhor na vida brasileira. Os investimentos estão acontecendo, a economia está se aquecendo e novos empregos estão surgindo, na cidade e no campo.
Nos últimos doze meses, foram criados quase 800 mil postos de trabalho somente nas seis maiores regiões metropolitanas do país. No Brasil como um todo, o emprego cresceu ainda mais. O desemprego ainda é alto e me preocupa, mas já está em queda.
Quando, na última eleição, dizia que o compromisso central do governo seria trabalhar para criar empregos não fazia apenas um discurso eleitoral. Assumia, repito, compromisso com os brasileiros e quero deixar claro: vamos honrá-lo.
Sabemos que o Brasil ficará mais perto do ideal de todos nós quando houver maior igualdade de oportunidades e isto só se consegue tendo como ponto de partida a educação.
Temos, hoje, quase todas as nossas crianças dentro das salas de aula. São 37 milhões de crianças estudando. Mais ainda, para estimular as famílias a manterem seus filhos na escola sem precisar que eles trabalhem, meu governo já distribui bolsas escola para mais de um milhão de famílias. No ensino médio, nos últimos 6 anos as matriculas cresceram 66%. Em 5 anos, o número de alunos matriculados em cursos universitários aumentou mais de 40%. O resultado deste imenso avanço é que o nível médio de instrução dos brasileiros vem aumentando substancialmente ano após ano.
Estamos enfrentando com coragem os problemas de saúde pública que afligem nossa população. Hoje, as campanhas de vacinação chegam a todos os brasileiros, até aos mais idosos. Isto nunca havia sido feito antes. O programa brasileiro contra a AIDS é considerado pela ONU como um dos melhores do mundo.
A saúde da mulher e da criança tornou-se nossa prioridade número um: o atendimento de mulheres durante a gravidez saltou de 2,5 para 8 milhões de consultas por ano.
Combatemos a falsificação de medicamentos e estamos lutando contra o abuso de preços. Com o início da produção de genéricos, estamos conseguindo até reduzir preços de remédios.
Iniciado no meu governo, o Programa Saúde da Família conta hoje com 10 mil equipes atendendo mais de 33 milhões de pessoas. Em parceria com Estados e municípios, vamos ampliar o Programa para até 2002 atendermos 80 milhões de brasileiros.
É com educação, saúde e emprego que vamos conseguir diminuir a pobreza no nosso país. Por isso, no orçamento para o próximo ano estes programas foram ampliados. Da mesma maneira, avançamos no programa de reforma agrária e no apoio à agricultura familiar.
Quando olhamos com atenção, notamos que são muitas as mudanças e avanços em curso que preparam o nosso país para o século 21. O Brasil está modernizando a sua infra-estrutura de transportes e energia. As telecomunicações, uma condição essencial para participar da nova economia, são talvez o maior exemplo destas transformações.
Tenho consciência de que os frutos desta recuperação ainda não chegaram de forma plena ao dia a dia de todos os brasileiros.
Continuar lutando para que isto seja realidade é minha responsabilidade. Voltamos a ser um país em crescimento. Podemos sonhar com um futuro melhor, com um país mais digno, mais justo. Enfrentamos sérios problemas mas estamos saindo deles mais fortes e melhores.
Muito obrigado pela sua atenção.
Boa noite.