Recife (PE) – Em entrevista à rádio Jornal do Commercio, na manhã desta quarta-feira (02), o deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE) – um dos representantes do partido no Conselho de Ética – anunciou que o PSDB recorrerá da decisão do colegiado, caso seja reprovado o parecer que pede a admissibilidade do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Na sessão desta terça-feira (01), Betinho disse que os três petistas protagonizaram um “silêncio constrangedor” em torno de como se posicionariam no processo de cassação do presidente da Câmara. O que alimenta ainda mais, na sua avaliação, a dúvida em torno dos votos do PT na sessão marcada para hoje.
“Há uma pressão muito grande do Planalto no sentido de mostrar a gravidade do voto favorável dos petistas pela cassação de Cunha, o que levaria o presidente da Câmara a prosseguir com o pedido de impeachment da presidente Dilma. Eles estão numa sinuca de bico muito grande. Não tenho segurança para afirmar que posição adotarão, mas uma coisa posso afirmar: caso o parecer de Fausto Pinato (que recomenda a admissibilidade de abertura do processo de cassação de Cunha) seja derrotado, nós do PSDB recorreremos para que ele seja levado ao plenário”.
O tucano denunciou que está em campo um “jogo” dos aliados de Eduardo Cunha para tentar derrotar o parecer no Conselho de Ética, porque segundo ele, seria uma forma de livrá-lo da cassação. “Se o processo avança e chega ao plenário, inevitavelmente o presidente da Câmara deve ser cassado. Então eles tentam matar a jogada já na fase de admissibilidade do processo”, alertou o parlamentar.
Betinho Gomes acredita, ainda, que tenha havido uma combinação do governo com o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), para que a sessão do Legislativo ocorra exatamente no momento em que o Conselho de Ética se reunirá. “Ontem eles inventaram um voto em separado, que não é regimental, para forçar a barra e prolongar a discussão para hoje às 14h30. Com a sessão do Congresso será muito difícil começarmos na hora prevista. Acho até que é algo combinado para retardar mais um pouco esse processo até Eduardo Cunha ter a segurança dos votos para derrubar o parecer”.
O tucano reafirmou a posição de independência do PSDB em todo esse processo envolvendo o presidente da Câmara. Lembrou que o partido não votou em Eduardo Cunha para a presidência, mas no deputado Júlio Delgado (PSB- MG). E no momento em que percebeu que Cunha estava jogando com o impeachment para chantagear o governo e se livrar desse processo, o PSDB deixou claro que não participaria desse jogo.
“Eduardo Cunha estava usando oposição e governo para se beneficiar. Agora usa novamente a chantagem para pressionar o governo. O PT neste momento é o fiel da balança. Para onde o PT pender, vai se ter a decisão de a favor ou contra a admissão do processo de cassação do deputado Eduardo Cunha”.