Brasília – Na sessão de ontem do julgamento do mensalão do PT, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmaram que houve um esquema de compra de votos no Congresso Nacional no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2004. A decisão sepulta a tese, defendida por Lula e outros líderes do PT, de que tudo não passava de um esquema de caixa dois para financiamento de campanhas eleitorais.
Os ministros condenaram dez réus ligados à base aliada do governo Lula pelo crime de corrupção passiva. A maioria dos ministros reconheceu que dirigentes ou lideranças partidárias do PP, PL (atual PR), PTB e PMDB receberam recursos do PT para votar em projetos de interesse do governo federal.
Condenados no item seis
Delator do mensalão e presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-vice-líder do PTB na Câmara Romeu Queiroz e o ex-secretário da sigla Emerson Palmieri também foram enquadrados nos crimes. O partido é acusado de receber mais de R$ 4,5 milhões em um acordo de R$ 20 milhões fechado com o PT.
Ligados ao PP, foram condenados o ex-presidente do partido Pedro Corrêa (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha), o ex-líder e atual deputado pelo PP Pedro Henry (condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas absolvido de formação de quadrilha) e o ex-assessor parlamentar João Cláudio Genu (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha).
Também foram condenados os sócios da corretora Bonus Banval – Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg (lavagem de dinheiro) – acusados de participar da ocultação do dinheiro repassado à sigla. Quadrado também foi condenado por formação de quadrilha, acusação da qual Fischberg ficou livre.
Condenação também aos réus ligados ao PL (atual PR): o deputado federal Valdemar Costa, o ex-tesoureiro Jacinto Lamas e o ex-líder do partido na Câmara Bispo Rodrigues. Eles foram condenados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo recebimento de propina. Valdemar e Jacinto também foram responsabilizados no crime de formação de quadrilha.
O ex-líder do PMDB José Borba foi considerado culpado por ter recebido R$ 2,1 milhões do esquema operado pelo empresário Marcos Valério, mas o placar do julgamento ficou empatado quanto ao crime de lavagem de dinheiro.
Próxima sessão
Terminada a votação sobre o item seis da denúncia, o relator do processo, Joaquim Barbosa, começa a votar amanhã, quarta-feira, as acusações de corrupção ativa contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares. O trio é acusado de determinar os repasses feitos às lideranças partidárias.