Embora o governador Eduardo Campos não tenha ainda assumido a candidatura a presidente da República apesar da entrega de cargos desta semana, nove entre dez socialistas afirmam que, confirmando-se a candidatura da presidente Dilma à reeleição, Eduardo entra na disputa.
Interlocutores mais próximos do governador e da presidente chegam a adiantar, a boca pequena, que até os adjetivos que cada um deles usa em privado referindo-se ao outro denotam a inviabilidade de uma aliança futura.
Isto se confirmando, e há grandes evidências de que pode acontecer, Pernambuco tende a ter uma das campanhas mais acirradas de sua história, servindo para dar o tom do que vai ocorrer a nível nacional entre dois aliados históricos: o PT e o PSB.
Há mais de 10 anos juntos no estado e demonstrando, de forma pública, que a união das duas siglas seria fundamental para a população – o que explica as vitórias seguidas que tiveram quase esmagando a oposição – petistas e socialistas tendem a medir forças querendo, cada um, tirar proveito do bom momento econômico vivido pelo estado nos últimos anos.
A seu modo, o PT já começou a cutucar o leão com vara curta. Está no ar uma propaganda do Governo Federal referindo-se às obras de mobilidade na Região Metropolitana que o estado toca mas que são realizadas com quase 90% de recursos federais.
Em outros tempos, o PT engoliu a esperteza do PSB que apresentou todas as obras em parceria como se fossem feitas com o dinheiro exclusivamente estadual. Era tempo de cortejar Eduardo e ninguém reclamou.
Bastaram as primeiras escaramuças e gestos de independência do governador e o caldo entornou.
Daqui pra frente novas propagandas deverão surgir com o mesmo objetivo.
Nessa guerra pela paternidade, a balança tende a favorecer momentaneamente um ou outro partido mas, no frigir dos ovos, os dois tendem a sair arranhados.
O PT querendo demonstrar, como já andou ensaiando algumas vezes o senador Humberto Costa, que Pernambuco só cresceu por conta dos recursos e investimentos produzidos via ministérios e órgãos federais e o PSB fortalecendo a sua tese de que Eduardo é um gestor e que foi ele o real condutor de tudo que acontece por aqui.
O embate promete e pode regredir, como já estimam alguns petistas, ao governo do pemedebista Jarbas Vasconcelos que foi governador já com Lula presidente durante cujo mandato foram consolidados os dois maiores investimentos que o estado tem hoje: a Refinaria e o Estaleiro Atlântico Sul.
Mesmo outro grande investimentos – a fábrica da Fiat – este garantido no governo Eduardo Campos, o próprio Humberto já se apressou a esclarecer que ele próprio se empenhou pelo projeto e que foi o Governo Federal o real condutor das negociações para que o grupo italiano se estabelecesse em Pernambuco.
Por enquanto, a guerra de bastidores tem chegado de forma tímida ao grande público mas tende a se aguçar, apesar dos panos mornos que alguns petistas nacionais e pernambucanos têm usado para abrandar a fervura, acreditando que o governador ainda pode desistir do embate e subir no palanque de Dilma no primeiro turno.
* Artigo assinado pela deputada estadual Terezinha Nunes e publicado no Blog de Jamildo desta sexta-feira (20)